Espetáculo pode ser visto até quinta-feira (6). Saiba por que o céu da capital é considerado tão bonito. Veja imagens da lua em Brasília
A lua cheia chama a atenção dos moradores de Brasília desde a noite de segunda-feira (3). Na manhã desta terça (4), às 7h03, com 99% de iluminação, ela continuava brilhando na capital (veja vídeo acima).
Segundo o professor Carlos Brito, da Universidade de Brasília (UNB), a lua cheia poderá ser observada nos próximos três dias. Mas não é apenas o satélite natural da Terra que se destaca no céu do Distrito Federal – céu esse que, além de ser tema de música, já foi motivo de pedido de tombamento, em 2007, como patrimônio imaterial (saiba mais abaixo).
Por que isso é assim? Entenda o que faz o céu de Brasília multicolorido
Lua vista no Plano Piloto, nesta terça-feira (4)
TV Globo/Reprodução
Nos últimos dias, foi possível observar o “trem de satélites” da empresa Space X, a chuva de meteoros “Delta Aquarídeos” e o cometa “Neowise” (veja detalhes mais abaixo).
Durante a construção de Brasília, 60 anos atrás, o arquiteto e urbanista Lucio Costa, um dos responsáveis pela nova cidade, disse que “o céu é o mar de Brasília”. Algumas características são os tons de azul, mas também o amarelo que ilumina a paisagem no nascer e no pôr do sol.
O período de seca evidencia ainda mais o espetáculo diário. Os 71 dias sem chuva no Distrito Federal ajudam a deixar as cores mais vistosas.
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Outro motivo, é a altitude. A capital federal fica a cerca de 1 mil metros do nível do mar e tem relevo predominantemente plano. Isso permite que se enxergue o horizonte mais facilmente.
Imagens da lua cheia em Brasília, durante a manhã desta terça-feira (4)
TV Globo/Reprodução
Tombamento do céu de Brasília
Em 2007, o arquiteto e paisagista Carlos Fernando de Moura Delphim, encaminhou um pedido ao então diretor do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), para que o céu de Brasília fosse tombado como Paisagem Cultural Brasileira.
O processo tramitou por anos e foi arquivado em 2014. O diretor do Departamento de Patrimônio Material e Fiscalização do Iphan naquele ano, Andrey Rosenthal Schlee, entendeu que as condições de tombamento “não eram aplicáveis ao céu”
Mas, no parecer, Schlee fez uma ressalva. Segundo ele, preservando as escalas – que são o tamanho dos prédios – é possível conservar a visão ao céu.
“Tal normativa, entre outras coisas busca garantir a ‘visibilidade do horizonte a partir da área tombada’ e a visibilidade do Plano Piloto a partir dos mirantes naturais existentes na cumeada da Bacia do lago Paranoá”, relatou no documento.
BRASÍLIA – Imagem aérea mostra a Esplanda dos Ministérios, com o Congresso Nacional ao fundo, vazia na sexta-feira (20) em Brasília
Sérgio Lima/AFP
Desde a construção, Lucio Costa estabeleceu no relatório do Plano Piloto que os prédios residenciais deveriam ter, no máximo, seis andares. Preservando essa escala, o céu será preservado, alertam os urbanistas e arquitetos.
O projeto urbanístico da capital recebeu o título de Patrimônio Cultural da Humanidade, da Unesco, em 1997. O Plano Piloto, com suas amplas avenidas, ruas sem esquina, prédios espaçados e extensas áreas verdes, é um exemplo do conceito de cidade jardim com a imagem do horizonte preservada.
Outros fenômenos
Passagem do Trem de Satélites da SpaceX sobre Brasília, registro de Leo Caldas
Na segunda-feira (3), às 19h17, os moradores de Brasília puderam observar o “trem de satélites” da empresa Space X no céu da capital. O fenômeno faz parte de um projeto chamado “Starlink”, lançado pelo dono da montadora de carros elétricos Tesla, Elon Musk.
Segundo o professor de física e astronomia da UnB, os satélites lançados no céu pela SpaceX visam oferecer internet de banda larga, via satélite, para pontos remotos do planeta.
“A cada dia o fenômeno poderá ser visto em uma parte do país”, explica o professor Paulo Brito, da Universidade de Brasília (UnB).
No dia 29 de julho, a capital e todo o Brasil puderam observar a chuva de meteoros “Delta Aquarídeos” – fenômeno que ocorre anualmente e formado por destroços de cometas.
Cometa Neowise visto no Distrito Federal
Léo Caldas/Arquivo pessoal
Em 23 de julho, o DF viu passar o cometa “Neowise”, descoberto no final de março pelo satélite Neowise, da Agência Espacial Americana (Nasa). Segundo a Nasa, o Neowise é um dos poucos cometas do século XXI que podem ser vistos a olho nu. Ele se tornou visível em 3 de julho quando atingiu o periélio, ponto de sua órbita mais próximo do Sol.
Veja mais notícias sobre a região no G1 DF.
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