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Veja como são produzidas as árvores adultas que embelezam projetos de paisagismo

Por trás desses jardins bem bonitos em condomínios e praças públicas, existe o trabalho de produtores rurais em viveiros, que são especializados nessas mudas de árvores já bem crescidas. Veja como são produzidas as árvores adultas que embelezam projetos de paisagismo
Cada vez mais as árvores adultas – ou seja, as que já estão bem crescidas – têm sido utilizadas para embelezar praças públicas, estacionamentos de shoppings, alamedas e jardins. Mas você já se perguntou onde e como essas plantas crescem?
Por trás de um projeto bonito de paisagismo existe o trabalho de muitos produtores rurais em viveiros fica esquecido.
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No município de Bragança Paulista, interior de São Paulo, em um cantinho de oito hectares de uma grande fazenda de laranja, fica um desses viveiros que se especializaram na produção de mudas de árvores adultas, chamado de Fábrica de Árvores.
A ideia surgiu do relações públicas e empresário do setor de alumínio Alex Vicintin. Na propriedade dele há 400 espécies de árvores adultas à venda e, no ano passado, o seu negócio chegou a crescer 40% em relação a 2019.
É um mercado em alta, que vem crescendo a uma taxa média de 30% por ano.
O empresário também está investindo em tecnologia para melhorar a produção das árvores adultas. E esse esforço já exigiu pesquisas, viagens e visitas a mais de 100 viveiros no Brasil e no mundo.
Veja a seguir como funciona o trabalho na Fábrica de Árvores:
Sangria
Antes da retirada das árvores adultas do solo, a equipe da Fábrica de Árvores precisa fazer uma escavação que vai moldando o torrão das raízes. Esse processo se chama sangria e começa de 30 a 40 dias antes da retirada da árvore do chão.
Um dos funcionários responsáveis por esse processo é o trabalhador rural José Ribeiro da Silva. Ele conta que, por dia, é possível abrir de um a três buracos. “Tem que ter braço”.
O trabalho de sangria só termina depois que as raízes são protegidas por um filme plástico para o torrão não desmanchar.
“Parece um filme de cozinha, só que ele é um pouco mais grosso”, diz o biólogo da Fábrica de Árvores, Adriano Ribeiro.
“O torrão eu brinco que é quase como se fosse um diamante. Então, a gente tem que tomar muito cuidado com ele porque quanto maior a planta, maior se torna a área enraizada dela, maior tem que ser esse torrão”.
Depois da sangria, a terra é devolvida para o buraco, o que ajuda a manter a umidade do torrão e, assim, a planta vai descansar até o dia da retirada definitiva.
“Isso vai ajudar no sistema radicular da planta, como se diz. E aí a gente remove toda essa terra e volta a mexer nela de novo, após esses 30 dias”, diz o coordenador da produção, Everton Dias da Silva.
Retirada da árvore do solo
Um dos momentos mais impactantes de toda a produção de árvores adultas é o da retirada da planta do solo. Arrancar um exemplar de 10 a 15 metros de altura requer técnica, força e, principalmente, cuidado para estressar o mínimo possível a planta que vai seguir a sua vida em outro lugar.
“Então, primeiramente, a gente passa o plástico para proteger a casca da árvore. Depois, a gente vem com uma manta drenante por cima aonde a gente passa a fita bem apertada para evitar qualquer risco de quebra ou de danificação dessa casca aqui”, conta o biólogo Adriano Ribeiro.
“Aqui você vê que a gente tenta travar o máximo possível a planta. A gente passa as fitas. O pneu está aqui também para evitar qualquer movimentação brusca e trepidação que a planta possa ter no caminho”, acrescenta.
Há também o cuidado de não deixar a copa raspar no chão.
Transporte e plantação
Após a retirada, as árvores seguem para os clientes. Um dos carregamentos da Fábrica de Árvores foi para um projeto de paisagismo na fazenda de gado de leite no município de Amparo (SP).
No caminho, uma das plantas teve um pequeno dano. “A gente vai ter que fazer agora a retirada desse galho, para poder acertar a copa dela. Cortar na diagonal para não entrar água e passar uma uma calda bordalesa para cicatrizar mais rápido” diz Reginaldo Canili, coordenador de plantio.
“Com pouco tempo ela começa a brotar de novo e acaba formando certinho a copa dela de novo”, acrescenta.
Na fazenda de Amparo, o pessoal já deixou pronta a cova para a chegada das árvores. No preparo, são colocados adubos orgânico e químico, além do hidrogel, uma substância gelatinosa que ajuda a manter a umidade do solo.
Segundo o biólogo Adriano Ribeiro, existe uma chance de 15% a 20% de algumas das plantas morrerem e, por isso, a Fábrica das Árvores dá três meses de garantia.
“Porque, nesses três meses pós plantio, nós conseguimos saber se a planta volta porque ela começa a ter rebrotações. Ou se realmente a planta não foi para frente. Caso ela tenha morrido, nós sim substituímos a planta sem problema algum”, conta Ribeiro.
Nova tecnologia
Está nas raízes boa parte do sucesso de uma muda de qualidade, seja ela de pequeno ou grande porte. Para isso, a Fábrica de Árvores investiu em pesquisas, viagens e visitas a viveiros.
Tudo isso para encontrar um sistema que revolucionou a produção, eliminando o método agressivo da sangria.
Trata-se de um tubete em que são colocadas as plantas assim que ela têm as primeiras folhas. É um tubete diferente, cheio de furos e ranhuras, uma tecnologia vinda dos Estados Unidos (EUA).
“A gente consegue através da nossa forma, que é como se fosse uma forma de bolo, fazer a condução das raízes para que elas possam sair pelos buraquinhos, que seria a drenagem do nosso vaso, e sofrer a poda aérea”, diz a gerente de produção Regina Hoinaski.
“Internamente, [acontece] a formação de radicelas, que são raízes fininhas que fazem com que a planta tenha um ótimo desenvolvimento e crescimento”, explica.
Do tubete, a muda segue para um vaso maior para continuar seu crescimento, sempre com o foco na proliferação de raízes.
“Esse vaso, ele vai dar continuidade ao desenvolvimento das raízes, do sistema Root Maker, para que a planta comece a engordar, ganhe tamanho e volume de copa”, diz Ribeiro.
Uma diferença do sistema tradicional para o da fazenda é a formação das raízes.
“O sistema tradicional gera poucas raízes. Aqui já não, a gente vê uma grande quantidade de radicelas, que vai fazer com que essa planta cresça e se desenvolva após o plantio muito mais rápido do que no sistema tradicional”, explica Ribeiro.
No sistema tradicional, as raízes formadas são mais grossas, primárias e a maioria vai enovelando.
“Quando você planta uma planta que está com a raiz enovelada, ela não vai ter o mesmo desenvolvimento em crescimento lateral. E isso pode gerar um problema futuramente, aonde a planta ela atinge uma altura muito grande. E, aí, um dia de vento muito forte, ela tomba inteira”.
Depois do vaso, o crescimento das plantas ainda continua em um sistema chamado builder, que consiste em placas moldadas de acordo com o tamanho do torrão e com a necessidade de cada espécie.
Na montagem da estrutura, primeiro vai uma manta de drenagem na base porque o builder não tem fundo. Depois se ajeitam as placas, a terra e, por fim, a planta. É nesse tipo de tecnologia que as árvores vão se tornar adultas.
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