A região, em São Paulo, conta com incubadora e com um parque tecnológico com isenção fiscal para novos empreendimentos. Vale do Piracicaba é polo de empresas inovadoras do agronegócio
O investimento em tecnologia torna o Vale do Piracicaba, em São Paulo, um dos principais polos de inovação do agronegócio brasileiro. A região une universidades, lavouras e grandes empresas. As ferramentas desenvolvidas na área têm proporcionado novos jeitos de se fazer a agricultura e a pecuária.
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Possuindo uma forte tradição da produção da cana-de-açúcar, Piracicaba se desenvolveu a partir destes engenhos. A manutenção das grandes máquinas levou à criação de uma indústria técnica forte e moderna. Esse histórico foi reforçado com a chegada da Escola de Agronomia da Universidade de São Paulo (Esalq- USP).
A cidade é a segunda maior em concentração de novas empresas do agronegócio com potencial de crescimento, as AgTechs. São 60 empreendimentos que posicionaram Piracicaba atrás apenas da capital paulista, segundo um levantamento da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
“A gente viu uma explosão de estruturas de apoio ao empreendedorismo, cada vez mais fundo circulando pela região. (…) Começamos a ver as principais empresas do agro do mundo patrocinarem e se estabelecerem na região para estarem perto das AgTechs”, relata o CEO da SP Ventures, Francisco Jardim.
Ponta pé inicial
O ecossistema de negócios do Vale do Piracicaba conta com uma peça chave: uma incubadora de empresas especializada em impulsionar boas soluções para o campo. É a EsalqTec, que já tem 15 anos de história.
Neste período, quase 20 empresas deram seus primeiros passos a partir da incubadora.
No prédio em que a EsalqTec funciona, há 8 salas, campos para testes e estufas. Para além deste espaço, a instituição possui um ecossistema que conta com 136 empresas, sendo 116 associadas, instaladas em qualquer lugar do Brasil, e 13 grupos de pré-incubados, trabalhando em uma proposta inicial de negócio. Destes, 7 atuam fisicamente na EsalqTec.
O perfil dos empreendedores é o de pesquisador. Deste modo, a EsalqTec entra para aperfeiçoar o lado empresarial deles, comenta o gerente executivo da EsalqTec, Sergio Marcus Barbosa.
Para ingressar na incubadora, é preciso passar por uma seleção rigorosa e pagar um aluguel simbólico da sala. Depois de aprovado, o empreendedor terá orientações de professores da Esalq e de grandes empresas parceiras.
Além disso, para novas empresas se instalarem na instituição, é preciso que exista vaga, ou seja, que outro empreendimento tenha sido concluído ali.
Uma das novas ideias a serem aprimoradas na incubadora é a dos sócios Gustavo, Felipe, Hernan e Lucas.
Eles desenvolveram um algoritmo cujo resultado é um índice de avaliação do risco rural. Para isso, eles tiveram que coletar dados de diversas variáveis, como agrometereologia, mercado, infraestrutura do país, entre outros. O resultado final é um índice que reflete a realidade da localidade geográfica que está sendo analisada, explicou Hernan Angulo.
Felipe, um dos sócios da empresa, conta que a EsalqTec foi buscada pelo ambiente inovador e que o objetivo deles é, nesta fase inicial, obter parcerias e aprender mais.
Ajuda financeira
Em Piracicaba há o Parque Tecnológico onde as empresas podem obter isenção fiscal. É o passo seguinte após a EsalqTec.
O Vale do Piracicaba tem um ecossistema formado pelo o conjunto dos atores que lá se encontram, instalados em diversos micro-ecossistemas, espaços como a Esalq, a EsalqTec, os Hubs, que nasceram na cidade, explica o diretor do Parque, Flávio.
“Qual a vantagem do nosso ecossistema? Ele é muito integrado, muito focado em agronegócio”, completa.
Toda a região é tomada por empresas deste tipo, funcionando como um sistema de espelho, para guiar os jovens que ainda estão no começo do processo.
Uma ideia que deu certo
Tiago Albertini é o fundador da @Tech, uma das startups mais famosas do Vale do Piracicaba, que cria ferramentas que monitoram grandes criações.
Com o gerenciamento, é possível fazer a análise de dados para checar se o boi está dando prejuízo ou não para o produtor que, por sua vez, pode decidir se quer investir mais no animal ou vendê-lo.
A diferença no volume de informação entre um lote monitorado e um não monitorado é visível. Em um piquete tradicional, o gado é pesado duas vezes, quando chega ao confinamento e quando sai para frigorífico. Já com este sistema, que tem uma balança no meio do piquete, são gerados cerca de 1.400 registros de peso no mesmo período.
“A principal entrega do que a gente faz é vender o boi na hora certa, para quem melhor pagar. (…) A gente pega o peso, a imagem do animal, que toda vez está passando, e calcula qual a curva do lucro”, explica Tiago.
A empresa também pode recomendar venda do gado para frigoríficos. A partir dessa recomendação, dá para acessar todas as informações técnicas de cada animal para fazer a inspeção do produtor.
Com este serviço, a startup já passou por todas as fases usadas para diagnosticar o sucesso de um empreendimento, que é medido pelos investimentos recebidos em sua trajetória.
O objetivo do Tiago agora é conseguir ganhar o mercado exterior e competir com as maiores startups do mundo.
Saiba mais na reportagem completa no vídeo acima.
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