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Um novo recomeço para as vidas do Setor Comercial Sul

Parcerias entre ONGs, empresários e a Associação Comercial do Distrito Federal buscam mudar a vida de pessoas em vulnerabilidade social através de projetos.

Ao longo dos anos, o Setor Comercial Sul deixou de ser apenas um polo comercial para também ser conhecido como uma das áreas que abriga um dos maiores números de pessoas em situação de rua na área central de Brasília. Vulnerabilidade social, fome, tráfico e consumo de drogas, prostituição. A lista de problemas desencadeados por esse cenário é grande.

Foi em uma visita de trabalho a área que a vice-presidente da Rodopoulos e CVV Empreendimentos Imobiliários S/A, Ligia Meirelles, conheceu de perto essa realidade. Presente há anos na cidade, mas distante do olhar de muitos que passam por ali todos os dias.

Na época, a empresa especializada realizava a recuperação de alguns de seus imóveis coorporativos instalados na região. “Durante o processo, acompanhei de perto a situação do setor e verifiquei a necessidade de mudanças de pessoas em estado de vulnerabilidade”, relembra a vice-presidente.

Entre uma vistoria e outra, a empresária tirava um tempo para conversar com pessoas que viviam pelo Setor Comercial Sul.

Em uma dessas conversas, conheceu Rogério Barba, ex-morador de rua e idealizador do Coletivo Barba, projeto que busca dar uma nova perspectiva de vida para pessoas em situação de rua através da cultura, lazer, incentivo ao trabalho e ao tratamento contra o vício em drogas.

Um dos projetos do Coletivo Barba é o Bike Geração de Renda, onde bicicletas e celulares, além de um contrato com empresas de delivery, foram doados à moradores de rua que buscavam sair daquela situação. Com essa oportunidade, alguns deles largaram as ruas e hoje, através do trabalho, conseguem ajudar suas famílias e amigos que fizeram ao longo dos anos dividindo um pedaço de papelão como cama.

A primeira iniciativa da Rodopoulos e CVV foi apoiar os projetos que Rogério Barba desenvolvia. Porém, para a vice-presidente da empresa, isso ainda não era suficiente.

De acordo com Ligia, “a união dos três pilares que movimentam a economia são primordiais para que as coisas aconteçam. Esses três pilares são população, poder público e a iniciativa privada”. Com isso em mente, começou a se organizar para buscar apoios e recursos necessários para implementar um novo projeto que gerasse renda, autonomia e ressignificasse a vida de muitos por ali.

O presidente da Associação de Comércio do Distrito Federal, Fernando Brites, disponibilizou um espaço físico para criação de um laboratório, chamado Cristos Rodopoulos. Lá, pessoas que vivem pelo Setor Comercial Sul começaram a ser treinadas para se tornarem técnicos de celulares. O objetivo final é que após a formação, os alunos possam trabalhar com serviços de atendimento a domicílio, uma nova aposta no mercado de manutenção de telefones.

A idéia foi tão boa que Fernando Brites pensa até em uma proposta que transformaria Setor Comercial Sul em um polo digital chamado “Setor Criativo Digital Sul”.

Outro projeto que possibilite a mudança de vida de pessoas e do ambiente do SCS também vem sendo estudado. É o que explica Ligia Meirelles. “Queremos criar uma cooperativa, onde os recursos de proteção, manutenção patrimonial e limpeza dessa área sejam destinados para esse projeto. Ela se encarregará da formação do pessoal, que fará a limpeza e reformas no setor. Uma vez que essas pessoas já estão acostumadas com o ambiente, queremos fazer o contrário. Ao invés disso trazer para elas a negatividade, que traga um ambiente novo. Vão aprender a consertar calçadas, meio fio, limpar praças, fazer jardinagem, afinal, os problemas do setor não são só de pessoas em situação de rua, como também de infraestrutura”.

Assista a entrevista na íntegra no nosso canal oficial no Youtube: Voz de Brasília TV.

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