Pesquisadores alertam que 4,5 mil km² de floresta desmatada estão ‘prontos para queimar’. Terreno queimado em rodovia de Rondônia em 2019
Fábio Tito/G1
As internações por doenças respiratórias deverão aumentar durante a “temporada do fogo” na Amazônia, que ocorre geralmente a partir de junho e julho. De acordo com relatório do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) divulgado nesta segunda-feira (8), quanto mais queimadas na floresta, maior será a poluição do ar. O número de pacientes nos hospitais já sobrecarregados pela Covid-19 irá subir nos próximos meses.
“Coibir as queimadas e o desmatamento neste ano, além de uma ação de proteção ambiental, é também uma medida de saúde”, afirma o pesquisador Paulo Moutinho, do Ipam, um dos autores do documento.
Hoje, na Amazônia, uma área de 4,5 mil km² – equivalente a três vezes o município de São Paulo — está pronta para queimar, de acordo com o relatório. Esse é o resultado das derrubadas do fim de 2019, com a soma do que foi desmatado em 2020. Essa vegetação pode virar fumaça com a chegada da estação seca.
Temporada de queimadas começa com alta no Pampa, no Pantanal e na Mata Atlântica
Fumaça das queimadas na Amazônia causam problemas respiratórios
Carl de Souza/AFP
Quatro estados concentram 88% da área desmatada e que ainda não foi queimada: Pará (42%), Mato Grosso (23%), Rondônia (13%) e Amazonas (10%). “O fogo é o próximo passo no processo de conversão de uma floresta em outro uso da terra, como pasto”, explica a diretora de ciência do Ipam, Ane Alencar.
A preocupação com a saúde pública é um reflexo do que ocorreu em 2019, quando os municípios que mais queimaram na Amazônia apresentaram o ar 53% mais poluído, em média, em relação a 2018.
Caminho da mudança da terra na Amazônia
Rodrigo Sanches/G1
“Durante a temporada de fogo, extensas áreas da Amazônia têm qualidade do ar pior que no centro da cidade de São Paulo devido às queimadas. Isso tem forte efeito na saúde, especialmente em crianças e idosos, que são as populações mais vulneráveis”, explicou o físico Paulo Artaxo, da Universidade de São Paulo, que colaborou com o trabalho.
O Ipam cobra que as autoridades responsáveis tomem medidas contra o aumento do fogo na região: “Uma não ação dos poderes públicos na prevenção do desmatamento e das queimadas poderá representar perdas de vidas humanas para além das previstas com a pandemia”, afirmou Paulo Moutinho.
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