Vice deu a declaração ao comentar recuo do presidente, que havia prometido divulgar países que compram madeira ilegal do país. Para vice, é preciso ‘estrangular’ esse tipo de comércio. ‘Você tem que estrangular o comércio’, diz Mourão sobre venda ilegal de madeira
O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou nesta sexta-feira (20) que é “lógico” que o governo também tem responsabilidade pela existência de comércio ilegal de madeira brasileira e que “temos que fazer a nossa parte” no combate a esse crime.
Mourão acrescentou, porém, que os países cujas empresas compram madeira extraída ilegalmente no Brasil também devem fazer “a parte deles do lado de lá.”
Mourão deu as declarações ao ser questionado sobre a responsabilidade do governo brasileiro nessa questão e também sobre o recuo do presidente Jair Bolsonaro, que havia prometido exibir na quinta (19) uma lista de países que compram madeira ilegal do Brasil, mas acabou não informando os nomes.
“O presidente, ele sabe o que está fazendo. Então, isso aí não adianta ficar fazendo uma discussão que não vai conduzir a nada. O que nós temos que fazer é a nossa parte do lado de cá e, os outros, a parte deles do lado de lá. É isso que o presidente quer”, comentou Mourão.
Lista de países
Na terça (17), ao participar da cúpula do Brics, Bolsonaro afirmou que há países que criticam o Brasil pelo desmatamento da Amazônia mas compram madeira ilegal do país.
Depois, na quarta (18), na entrada do Palácio da Alvorada, Bolsonaro afirmou que a lista com o nome desses países seria apresentada nesta quinta, durante a transmissão ao vivo semanal que faz em uma rede social.
Durante a ‘live’ de quinta, porém, a lista não foi exibida. Além disso, Bolsonaro afirmou que não acusará “nenhum país”.
Trabalho policial
Questionado se as empresas estrangeiras têm responsabilidade no comércio ilegal de madeira, Mourão explicou que se trata de crimes transnacionais e citou a cooperação internacional na área policial para enfrenta-los.
“Isso é trabalho policial, até porque tem dados que, por exemplo, essa madeira não desembarcaria nos portos, vamos dizer assim, conhecidos. Desembarcaria de forma sub reptícia em outros locais. Então, isso é trabalho policial”, disse.
Mourão também afirmou que recebeu uma carta e conversou com representantes do ‘Coalizão Brasil’, um grupo que reúne empresários, ambientalistas, investidores e pesquisadores. A mensagem frisa que o Brasil “só vencerá o comércio ilegal de madeira se todos assumirem sua responsabilidade”.
Madeira ilegal: Mourão diz que governo tem responsabilidade sobre fiscalização
Indagado sobre o tema, Mourão respondeu: “Lógico que tem, né? Governo sempre tem, tudo que acontece ou deixa de acontecer é culpa do governo”.
Para Mourão, o governo deve manter trabalho para “estrangular” esse tipo de comércio, o que, segundo ele, a Polícia Federal vem fazendo, bem como a Operação Verde Brasil 2, executada pelas Forças Armadas.
“Você tem que estrangular o comércio. A partir do momento que você estrangula o comércio, que dizer que o cara que corta madeira na ponta da linha, se ele não tem, não consegue vender, né”, disse.
“É o que estamos fazendo na Operação Verde Brasil. Olha aí, já foram 175 mil metros cúbicos de madeira apreendidos, isso é madeira que não acaba mais, gente. Estrangular esse comércio, mesma coisa que você combater o narcotráfico. Tem que estrangular o dinheiro”, acrescentou.
Rio Amazonas
Mais tarde nesta sexta, Mourão se reuniu com o diretor-geral da Polícia Federal, Rolando de Souza, e com o superintendente da PF no Amazonas, Alexandre Saraiva.
Segundo Mourão, a reunião discutiu a repressão à exploração ilegal de madeira na Amazônia. O vice disse que a PF, com auxílio da Marinha, trabalha para ampliar a fiscalização nos rios da Amazônia, por onde escoa a madeira derrubada de forma ilegal.
“Eles vão aumentar a fiscalização nos rios com apoio da Marinha nesse aspecto e aí nós vamos ter efetividade maior nesse combate às ilegalidades, principalmente vamos reduzir essa questão do desmatamento que hoje está muito centrada na exploração de madeira ilegal”, disse.
Comentar