O Talibã ordenou que as companhias aéreas no Afeganistão impeçam as mulheres de embarcar, a menos que estejam acompanhadas por um parente do sexo masculino, informaram as autoridades da aviação à AFP.
As restrições impostas às mulheres foram anunciadas depois do fechamento das escolas de ensino médio para meninas na quarta-feira (23) – poucas horas após a reabertura dos estabelecimentos de ensino pela primeira vez desde a chegada dos islamitas radicais ao poder em agosto.
Dois funcionários das companhias aéreas Ariana Afghan e Kam Air afirmaram ontem (27) à noite que os talibãs ordenaram que as empresas não permitam às mulheres viajar sozinhas.
A decisão foi adotada após uma reunião na quinta-feira entre representantes do Talibã, das duas companhias aéreas e autoridades migratórias do aeroporto, informaram à AFP os dois funcionários, que pediram anonimato.
Os talibãs anunciaram várias restrições à liberdade das mulheres, geralmente aplicadas em nível local, de acordo com as autoridades regionais do ministério para a Promoção da Virtude e a Prevenção do Vício.
O ministério afirmou que não divulgou nenhuma diretriz para proibir as viagens de mulheres sozinhas em aviões.
Contudo, a medida foi confirmada em uma carta enviada por um executivo da Ariana Afghan aos funcionários da companhia aérea após a reunião com os talibãs – a AFP obteve uma cópia da mensagem.
“Nenhuma mulher pode viajar em um voo local ou internacional sem um parente masculino”, afirma a carta.
Dois agentes de viagens procurados pela AFP também confirmaram que pararam de emitir passagens para mulheres que viajam sozinhas.
“Algumas mulheres que viajavam sem um parente do sexo masculino não conseguiram embarcar em um voo da Kam Air na sexta-feira de Cabul a Islamabad”, afirmou um passageiro.
Os talibãs já proibiram as mulheres de viajar sozinhas por estrada entre cidades, mas até agora elas tinham permissão para embarcar em voos.
O movimento islamita prometeu uma versão mais tolerante do rígido governo de seu primeiro período no poder, de 1996 a 2001. Mas, desde agosto, os talibãs reverteram duas décadas de avanços nos direitos das mulheres afegãs. Elas foram excluídas da maioria dos cargos públicos e do ensino médio. Além disso, são obrigadas a se vestir de acordo com uma interpretação estrita do Alcorão.
Fonte:AFP
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