'Sem empréstimo, não consigo sobreviver’, diz pequeno empresário do Rio sem acesso a crédito especial thumbnail
Economia

'Sem empréstimo, não consigo sobreviver’, diz pequeno empresário do Rio sem acesso a crédito especial

Sócio em duas lojas de uma franquia de vestuário, Marcos Berredo reclama de restrição para acesso a linha emergencial de empréstimo para quitar folha de pagamentos. Ele aguarda liberação de nova linha de crédito especial. Um pequeno empresário do Rio aguarda ansioso a sanção de um Projeto de Lei que prevê a concessão de empréstimo especial a micro e pequenas empresas diante da pandemia do novo coronavírus. Com nove funcionários, ele teve negado o acesso à linha de crédito emergencial criada pelo governo federal para ajudar os pequenos negócios a quitar a folha de pagamento.
“Sem empréstimo, eu não consigo sobreviver. Eu preciso de um empréstimo para poder respirar. Acredito que todos os outros pequenos empresários, se não conseguirem o empréstimo que o governo prometeu desde o início dessa história, eles não vão sobreviver”, disse o empresário Marcos Berredo, de 62 anos.
Em crise, pequenas empresas têm dificuldade de acessar linhas de crédito
Danny Braz: ‘Faz 15 dias que aguardo por uma resposta’, diz dono de indústria que busca crédito em banco de fomento
Humberto Gonçalves: Dono de fábrica de parafusos relata dificuldade para conseguir crédito: ‘bancos estão travando’
Berredo é sócio de duas lojas de uma franquia de vestuário – uma no Leblon, outra em Copacabana, Zona Sul do Rio – e não sabe se conseguirá manter os negócios e os nove funcionários que tem.
Sou micro-empresário, como posso me beneficiar das novas linhas de crédito? Como faço?
Com as duas lojas fechadas em meados de março, por conta das medidas de isolamento social impostas pelas autoridades municipal e estadual, Berredo primeiro tentou, sem sucesso, o crédito para quitar a folha de pagamentos. A linha de crédito emergencial foi criada pelo governo federal para que os pequenos empresários pudessem manter os empregos.
“E não consegui porque minhas funcionárias não estavam recebendo pelo banco. A gente pagava em espécie para elas. A gente correu, abriu conta para todas, mas foi negado porque o salário teria que estar sendo pago através do banco há pelo menos seis meses. Tive que pagar a folha com o finalzinho do meu caixa”, contou.
A segunda medida tomada pelo empresário foi suspender o contrato de todas as funcionárias. Mas ele teme não ter condições de manter os dois negócios quando o comércio for autorizado a reabrir no Rio.
“Digamos que reabre as lojas em junho. Eu não vou conseguir faturar o que faturava antes. Eu fiz um estudo considerando que vai faturar 30%. Sem o empréstimo, fica impossível manter os negócios”, enfatizou.
Governo anuncia R$ 40 bilhões para pequenas e médias empresas
Nova modalidade de empréstimo
A nova linha de crédito que o empresário aguarda poderá ser instituída por meio do Projeto de Lei 1.282/2020 que institui o Programa Nacional de Apoio as Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (PRONAMPE) para o desenvolvimento e fortalecimento dos pequenos negócios. A proposta já foi aprovada pela Câmara e pelo Senado e tem até o próximo dia 18 para ser sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro.
“É o crédito com o menor juro até agora. Com esse empréstimo talvez dê para eu manter [as duas lojas abertas]. Isso se eu conseguir, porque quando sair pode ser que apareçam exigências que a gente não sabia”, apontou Berredo.
O empresário reclamou que o projeto tenha sofrido alteração antes de ser aprovado pelo Congresso. O texto inicial previa a concessão de empréstimo de valor correspondendo a até 50% da receita bruta obtida em 2019. O Senado reduziu este percentual para 30%.
Destinado a empresas com receita bruta de até R$ 4,8 milhões ao ano, o empréstimo – tal como aprovado pelo Senado – terá a Selic como taxa anual (atualmente de 3%) acrescida de 1,25%. O prazo de pagamento será de 36 meses, com carência de oito meses para quitar a primeira parcela.
“Sem empréstimo eu não consigo pagar as contas. Já são dois meses sem receber, tenho duplicata para pagar. Não sei porque não sanciona logo esse empréstimo”, reiterou Berredo.

Tópicos