João Brant, secretário de Políticas Digitais da Secretaria de Comunicação da Presidência, criticou duramente as recentes declarações de Mark Zuckerberg, CEO da Meta. O bilionário afirmou que “os países da América Latina têm tribunais secretos que podem ordenar que as empresas removam conteúdos silenciosamente”. Para Brant, a fala é um ataque ao Supremo Tribunal Federal (STF) e às políticas de regulação digital.
Zuckerberg também anunciou mudanças nas plataformas da Meta, como o fim dos verificadores de fatos (fact-checkers) e a introdução de um sistema de notas da comunidade, inspirado no modelo do X (antigo Twitter). Segundo o executivo, a Meta pretende simplificar suas políticas de conteúdo, eliminando restrições sobre temas como imigração e gênero.
Alinhamento com Trump e críticas à liberdade de expressão
Brant destacou que as medidas da Meta antecipam o retorno de Donald Trump ao cenário político e representam uma aliança estratégica com os Estados Unidos contra iniciativas de regulação digital promovidas por países como o Brasil e membros da União Europeia. “A decisão de eliminar os fact-checkers é um sinal claro de que a Meta está priorizando a liberdade de expressão individual, ignorando outros direitos coletivos e individuais”, afirmou o secretário.
Ele também alertou para os impactos das mudanças, especialmente no que diz respeito ao discurso cívico. “Essa repriorização é um convite para o ativismo de extrema direita, permitindo que a desinformação e os discursos de ódio ganhem ainda mais espaço nas plataformas”, disse Brant.
Conflito com a soberania nacional
Para o representante do governo brasileiro, as falas de Zuckerberg mostram a resistência da Meta em aceitar a soberania dos países sobre o ambiente digital. “A declaração é explícita e demonstra que a empresa não está disposta a cumprir as leis locais nem os esforços globais para proteger os direitos no ambiente online”, criticou Brant.
As declarações ocorrem em meio ao debate global sobre a regulação de plataformas digitais e a responsabilidade das big techs no combate à desinformação e proteção de direitos fundamentais. A postura de Zuckerberg intensifica a tensão entre governos e empresas de tecnologia sobre o futuro das políticas digitais.
Fonte:Correio Braziliense
Foto:3 PORT
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