André Brandão comunicou renúncia ao cargo de presidente do Banco do Brasil. Desgaste da gestão começou em janeiro após Bolsonaro se queixar do anúncio de reestruturação do banco. Presidente do Banco do Brasil, André Brandão, pede demissão
Agentes do mercado financeiro avaliam que a renúncia do presidente do Banco do Brasil, André Brandão, é mais um indicativo de que o governo tem enviado sinais contraditórios sobre a continuidade da agenda liberal defendida pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.
A renúncia de Brandão foi comunicada no início da noite desta quinta-feira por fato relevante. Brandão assumiu o Banco do Brasil em agosto de 2020. Ele foi indicado pelo Ministério da Economia e sempre contou com a simpatia de Guedes.
Embora avalie que a saída de Brandão não significa o abandono da agenda liberal, a economista Alessandra Ribeiro, sócia da consultoria Tendências, afirmou que a renúncia “é mais um sinal de que esse espaço para mexer nas estatais, em empresas alinhadas ao mercado, é um espaço que está se mostrando bem menor do que se imaginava no início do governo Bolsonaro”.
Alessandra Ribeiro disse que a saída de Brandão já estava no radar em razão do desgaste sofrido em janeiro após o anúncio do plano de reestruturação do banco, que previa o fechamento de agências e a abertura de dois programas de demissão voluntária.
André Perfeito, economista-chefe da Necton, afirmou que a saída pode ter um custo econômico e impactar o dólar e os juros futuros, já que gera incertezas sobre a agenda liberal do governo.
“O que é ruim é que o discurso fica truncado. De um lado, tem a equipe econômica defendendo o liberalismo e do outro tem o presidente tendo que enfrentar pressões políticas e tomando decisões que acaba não referendando tanto a agenda. Isso é que gera mal-estar no mercado”, disse.
De acordo com o blog de Andreia Sadi, Bolsonaro demonstrou em janeiro não estar satisfeito com Brandão. O presidente da República não gostou de anúncio do Banco do Brasil de fechar agências pelo país e abrir dois programas de demissão voluntária. Desde então, a saída de Brandão do banco passou a ser vista como uma possibilidade concreta.
Para o economista Carlos Eduardo Freitas, ex-diretor do Banco Central, a saída de Brandão não deve afetar a agenda do governo. Segundo ele, a agenda liberal, com abertura do mercado e privatizações, já anda a passos lentos.
Freitas afirmou que o mercado pode repercutir de forma negativa a saída de Brandão, mas ele avalia que o executivo não tinha perfil para comandar um bando público, apesar de ser conhecido como um bom gestor do setor privado.
“A saída não é negativa. É uma oportunidade para colocar alguém com mais conhecimento sobre setor público”, afirmou.
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