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Reabilitação eleitoral de Lula pode ser 'pá de cal' na versão 'Bolsonaro liberal'

A mera possibilidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se tornar candidato à Presidência da República no próximo ano, se tornando o principal adversário político do atual governo, pode ser a “pá de cal” na versão “Bolsonaro liberal” que ajudou o atual comandante do Palácio do Planalto a vencer as eleições de 2018.
Na segunda-feira (8), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin anulou todas as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela Justiça Federal no Paraná relacionadas à operação Lava Jato. Com a decisão, Lula recupera os direitos políticos e volta a ser elegível.
Para experientes conhecedores da política de Brasília e interlocutores do mundo econômico ouvidos pelo blog, Lula “em praça pública”, já com direitos políticos restabelecidos, será um fator a desestabilizar Jair Bolsonaro, que tende a acentuar medidas populistas para tentar reconquistar a popularidade e garantir apoio do público de mais baixa renda.
A crença de que Jair Bolsonaro chancelaria uma gestão liberal da economia, o que ele deu a entender ao entregar a área econômica do seu governo a Paulo Guedes, já sofria abalos desde 2019.
A interferência na gestão da Petrobras, com a troca de presidente da empresa na esteira de críticas sobre a política de preços, e a tentativa de agradar caminhoneiros, que reclamam do preço do diesel, foi apenas um dos últimos capítulos.
A atuação de Bolsonaro nos últimos dias para afrouxar a PEC Emergencial, abrindo espaço para deixar de fora dos gatilhos e contrapartidas públicos fiéis de Bolsonaro, como policiais, reforça a convicção de que Bolsonaro adotou a trilha populista e não tem compromisso com a agenda econômica.
Segundo assessores próximos do governo, toda vez que um auxiliar incluir em uma frase a fala de que “o mercado vai reagir mal”, Bolsonaro corta o assunto. Para ele, “o mercado” é antipatriota, só pensa em ganhos financeiros e tem pouco compromisso com o país.
A instabilidade política que se seguiu à decisão do ministro do STF fez a bolsa cair 4% nesta segunda-feira e o dólar fechou a R$ 5,78. Nesta terça-feira (9), o dólar turismo já atingia R$ 6,10.
A perspectiva já é de que os juros subam mais do que o inicialmente previsto neste ano, atrapalhando ainda mais as contas públicas do governo e a gestão da dívida.
Ao quadro fiscal complexo do país, soma-se o desafio da pandemia, onde os erros do governo ficam cada dia mais expostos.
A atual instabilidade pode ter uma pausa se o governo conseguir aprovar a PEC Emergencial na Câmara dos Deputados sem alterações que façam o texto voltar ao Senado – feito que está nas mãos de Bolsonaro.
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