Uso de máscaras, distanciamento e álcool em gel já virou rotina em muitas regiões do estado. Em Juiz de Fora, por exemplo, o fazendeiro Horácio Dias investe na higienização das casas dos seus funcionários e de todas as instalações da propriedade. Produtores de leite de MG adotam medidas para conter disseminação do coronavírus
Pequenos e grandes produtores de leite de Minas Gerais estão adotando medidas de segurança para evitar a contaminação de Covid-19 entre os trabalhadores do campo.
O fazendeiro Horácio Dias, proprietário de uma fazenda em Juiz de Fora, já investiu, por exemplo, R$ 3 mil em novos procedimentos de higiene e tem, hoje, um gasto mensal de R$ 200 para mantê-los.
Em sua propriedade, ele emprega 32 pessoas e produz cerca de 4 mil litros de leite por dia.
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Uma das mudanças na rotina da fazenda foi com relação ao momento de chegada das mercadorias. “O procedimento é o seguinte: a gente faz uma pré-desinfecção do caminhão com quaternário de amônia, a temperatura do motorista é checada e há uso de máscaras e luvas”, diz o gerente da propriedade, Washington Luís Silva.
Além disso, todas as instalações e casas dos funcionários são higienizadas com desinfetante.
Para Horácio, todo esse investimento vale a pena. “Eu até aconselho os fazendeiros, produtores que possam cuidar sempre dos seus funcionários, isso valendo pro Brasil inteiro naturalmente, né? Vamos evitar que essa pandemia possa afetar muitos do meio rural”, diz o fazendeiro.
Vizinho do Horário, na região de Juiz de Fora, o campo experimental da Embrapa Gado Leite também adota medidas de proteção, como o uso de máscaras, higienização constante das mãos e distanciamento entre as pessoas.
“A vaca em si ela não transmite o vírus pelo fato de ela ficar doente. Entretanto, se uma pessoa infectada chega perto do animal e entra em contato com o ele, esse vírus pode ficar no pelo do animal e ser transmitido para outro empregado”, diz o veterinário da Embrapa, Guilherme.
Pequenos produtores
E não foram só as grandes fazendas que tiveram que se adaptar. A 90 km de Juiz de Fora, na zona rural de Rio Preto, produtores de leite de uma associação estão contando com o apoio da Emater para enfrentar a pandemia.
Além dos cuidados normais, como o uso de máscara e álcool em gel, os pequenos produtores estão sendo incentivados a utilizar novas tecnologias para comercializar leite e queijo.
É o caso da produtora Cristina que, no início da pandemia, teve medo de perder as suas vendas. Mas, ao contrário do que ela imaginava, as vendas de queijo cresceram depois que ela começou a divulgar os seus produtos em uma feira virtual.
Antes da pandemia, ela vendia cerca de cinco queijos na feira da cidade, por semana. Agora, ela chega a vender seis vezes mais.
“Com a internet, eu estou vendendo meus queijos até para o Rio de Janeiro. A gente teve uma visibilidade maior. Por esse lado foi bacana. Acho que depois dessa pandemia isso não vai mudar”, diz Cristina
Falta de acesso à internet
Porém, nem todos os produtores da região têm acesso à internet. É o caso da Cecília Sueli e do Mizael. Eles tiram cerca de 80 litros de leite por dias, mas gostariam de fazer melhorias no sítio de 5 hectares.
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Contudo, após a pandemia, ficou mais difícil para eles receberem assistência técnica no campo e, sem o acesso à internet, eles ficam impossibilitados de fazerem isso de forma remota.
“O governo tem que começar a pensar em uma política pública de universalização da internet, não só para o meio urbano, mas, principalmente para o meio rural, com um custo menor, propiciando que todos possam ter esse acesso à informação”, diz Antonio Domingues, coordenador regional Emater/MG.
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