Bloqueios e restrições de viagens em todo planeta têm um forte impacto na demanda pela commodity. Poço de petróleo perto de Denver, Colorado, EUA.
Reuters
A cotação do petróleo americano operava em forte queda nesta segunda-feira (20), caindo mais de 70%, para o menor nível da história, à medida que investidores se preocupam com a falta de locais de armazenamento e indicadores econômicos mostrando um cenário sombrio para a atividade global.
Por volta das 14h25 (horário de Brasília), o barril americano West Texas Intermediate (WTI) perdia 70,50% e era negociado a US$ 5,29 a unidade. Em 2011, o barril valia US$ 114.
Ao mesmo tempo, o barril de Brent do Mar do Norte, referência para o mercado europeu, recuava 5,38%, a US$ 26,57 o barril.
Nas últimas semanas, o mercado de petróleo tem sido pressionado com o avanço do coronavírus. Bloqueios e restrições de viagens em todo planeta têm um forte impacto na demanda. A crise aumentou depois que a Arábia Saudita, membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), iniciou uma guerra de preços com a Rússia, que não integra o cartel.
Os dois países encerraram a disputa no início do mês, quando aceitaram, ao lado de outros parceiros, reduzir a produção em quase 10 milhões de barris diários para estimular os mercados afetados pelo vírus. Ainda assim, os preços continuam em queda. Analistas consideram que os cortes não são suficientes para compensar a forte redução da demanda.
“Os preços do petróleo continuarão sob pressão”, destaca o banco ANZ em um comunicado. “Embora a Opep tenha aceitado uma redução sem precedentes na produção, o mercado está inundado de petróleo”, acrescenta a nota. “Ainda existe o temor de que as instalações de armazenamento nos Estados Unidos estejam ficando sem capacidade”, analisa o banco.
Michael McCarthy, especialista da CMC Markets, afirma que a queda do WTI “evidencia um excesso” das reservas de petróleo no terminal de Cushing (Oklahoma, sul dos Estados Unidos).
O índice de referência americano agora está “desvinculado” do Brent, referência do petróleo europeu, e “a diferença entre os dois atingiu o nível mais elevado em uma década”, ressaltou.
Demanda por petróleo em abril deve recuar 29 milhões de barris por dia, afirma agência
O contrato de barril de WTI para entrega em maio termina em breve, o que significa que aqueles que o assinaram têm de encontrar compradores físicos. As reservas já aumentaram muito nos Estados Unidos nas últimas semanas, porém, o que significa que terão de baixar seus preços.
A Administração de Informações sobre Energia dos EUA informou que as reservas de petróleo subiram 19,25 milhões de barris na semana passada.
Sukrit Vijayakar, analista da Trifecta Consultants, destaca que as refinarias americanas não conseguem transformar o petróleo cru de maneira suficientemente rápida, o que explica por que há menos compradores e, ainda assim, as reservas continuam aumentando.
“Acredito que, em breve, voltaremos aos menores níveis desde 1998, por volta dos 11 dólares”, afirmou Jeffrey Halley, analista de mercados da OANDA entrevistado pela AFP.
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