Uma lei federal dos EUA que proíbe rinha de galo entrou em vigor, mas a governadora de Porto Rico, um território americano, promulgou uma lei que permite as brigas de animais. Imagem de briga de galo em Porto Rico, em 18 de dezembro de 2019
Carlos Giusti/AP
Porto Rico aprovou na quinta-feira (19) uma regra local para manter a briga de galo legal, apesar de uma lei federal dos Estados Unidos que proíbe a atividade mesmo em territórios que não são estados.
O arquipélago de Porto Rico é um território dos EUA, mas é considerado um estado associado –seus cidadãos não podem votar, e apenas uma parte paga impostos federais.
Xavier Guevares, um juiz, pesa um galo em uma rinha de Porto Rico, em 18 de dezembro de 2019
Carlos Giusti/AP
A região, portanto, tenta sobrepor uma lei federal que o presidente Donald Trump assinou há um ano e entrou em vigor.
“Nós estamos, com certeza, desafiando uma lei federal e sabemos o que isso implica”, disse o representante Gabriel Rodríguez Aguiló, um dos autores da regra porto-riquenha que mantém a briga de galo legal.
Ele afirmou que a lei assinada pela governadora Wanda Vázquez deverá acabar na Justiça Federal dos EUA.
Briga de galos na cidade de Toa Baja, Porto Rico, em 18 de dezembro de 2019
Carlos Giusti/AP
Entre as pessoas que trabalham com briga de galo, a medida dos dirigentes porto-riquenhos foi comemorada. “Haverá trabalho, nós vamos manter a briga viva”, disse Domingo Ruiz, que é dono de mais de 30 galos e trabalha com isso há mais de 50 anos.
As brigas de galo geram cerca de US$ 18 milhões (R$ 73 milhões) por ano e empregam cerca de 27 mil pessoas, de acordo com o texto da lei aprovada pelo Legislativo de Porto Rico.
Há 71 rinhas licenciadas em Porto Rico, em 45 cidades diferentes. A secretária de Esportes, Adriana Sánchez, defende a briga de galo como uma tradição, e afirma que os EUA proibiram a atividade por razões econômicas, e não por proteção aos animais.
Ativistas de direitos animais fazem campanha para o fim de rinhas de galo em todos os territórios dos EUA, com o argumento de que se trata de crueldade e afirmam que é algo ilegal em todos os estados plenos do país.
Imagem da rinha do clube Campanillas, de Toa Baja, Porto Rico, em 18 de dezembro de 2019
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Wayne Pacelle, fundador da ONG Animal Wellness Action, disse que não acredita nas estatísticas oficiais de Porto Rico sobre briga de galo.
“Eles exageram o valor econômico, e ver animais se cortando só para entretenimento não é algo que a maioria das pessoas considera legítimo”, afirmou.
É proibido importar ou exportar galos
A medida diz que Porto Rico pode ter brigas de galo desde que as pessoas não exportem ou importem animais, bens ou serviços ligados às rinhas –se isso acontecer, será uma violação de uma lei federal, de acordo com a interpretação dos porto-riquenhos.
“Será preciso aguardar para sabermos como as autoridades federais vão interpretar”, disse o representante Luis Vega Ramos.
Ele tentou incluir uma emenda para garantir a autorização de oficiais locais para que eles não sejam obrigados a cooperar com agentes federais que perseguirem porto-riquenhos envolvidos em brigas de galos.
Essa adição à lei de Porto Rico não foi feita, mas muito municípios, inclusive a capital, San Juan, decidiram que a polícia local não poderá proibir as brigas de galo.
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