‘Vamos com espírito desarmado pela negociação’, diz diretor da estatal. A Petrobras qualificou nesta quinta-feira (20) como “competitivo” e “generoso” o pacote de benefícios oferecidos pela demissão dos trabalhadores da Araucária Nitrogenados (ANSA), que motivou a greve dos petroleiros iniciada no dia 1° de fevereiro.
Roberto Castello Branco, presidente da Petrobras, em imagem de arquivo
Sergio Moraes/Reuters
Uma reunião de mediação junto ao Tribunal Superior do Trabalho (TST) está agendada para esta sexta-feira e a companhia diz estar com “espírito desarmado” para dar fim à paralisação da categoria.
“Achamos que estamos oferecendo um pacote bem competitivo, inclusive mais competitivo que muitas empresas do mercado”, disse Roberto Ardenghy, diretor executivo de Relacionamento Institucional da Petrobras.
O presidente da estatal, Roberto Castello Branco, enfatizou ser “generoso” o acordo proposto, ressaltando o programa de requalificação e a assistência médica.
“A Petrobras está oferecendo mil vagas para treinamento profissional no Senai. Se alguém quiser se requalificar, vai ser de graça dentro do pacote de benefícios que, aliás, eu diria que não é só competitivo, é generoso. Eu nunca vi se oferecer dois anos de assistência médica”, destacou .
Questionado sobre o impacto de mil demissões, o executivo retificou o número. “Essa história de mil empregados… nós não temos mil empregados lá, são 396. O restante pertence a empresas que fornecem mão de obra. Então, os empregadores são outros e eles não necessariamente vão demitir seus empregados, eles podem absorver em outras atividades”, disse Branco.
Castello Branco justificou a decisão classificando a subsidiária como “um relógio suíço, todo ano dá prejuízo” e disse que, primeiramente, tentou vender a empresa, mas apenas um interessado, uma empresa suíça, se apresentou e, no ano passado, desistiu de fechar o negócio.
“Diante da falta de alternativas, não é justo que a Petrobras carregue para sempre esse prejuízo. Não é justo, inclusive, com a sociedade brasileira, que é controladora da Petrobras. Nós não estamos aqui para desperdiçar dinheiro, e sim para gerar valor para a companhia e para o Brasil”, disse.
20º dia de greve
Petroleiros decidem suspender greve que já durava 20 dias
A greve dos petroleiros entrou nesta quinta em seu 20° dia. Segundo a FUP, a paralisação é a maior greve que a categoria já realizou desde maio de 1995. A reunião no TST é uma chance de resolver a controvérsia entre trabalhadores e empregados antes do julgamento definitivo do caso no tribunal, marcado para o dia 9 de março.
No dia 17, o ministro Ives Gandra da Silva Martins Filho, do TST, considerou a greve dos petroleiros ‘ilegal’, atendendo a pedido da Petrobras. Ele autorizou ainda que a estatal tome “medidas administrativas cabíveis”, como corte de salários, sanções disciplinares e demissão por justa causa. Os petroleiros, no entanto, decidiram recorrer e manter a greve.
Na terça-feira, a desembargadora Rosalie Michaele Bacila Batista, do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 9ª Região, determinou a suspensão da demissão dos trabalhadores da subsidiária da Petrobras Araucária Nitrogenados (Ansa), em Araucária (PR), que motivou o início da greve dos petroleiros.
‘Espírito desarmado pela mediação’
Roberto Ardenghy, diretor de Relações Institucionais, disse que a companhia está otimista em relação à audiência de negociação com os petroleiros grevistas agendada para esta sexta-feira (21) junto ao Tribunal Superior do Trabalho (TST).
“É um processo de negociação e nós vamos amanhã com espírito desarmado em relação à mediação que vai ser feita pelo TST”, declarou o diretor.
Ardenghy ressaltou que a reunião está condicionada à suspensão da paralisação e que a Petrobras está, ao longo da tarde desta quinta-feira, “coletando informações em todas as nossas unidades para ter certeza de que houve realmente a paralisação do movimento e que todos retornaram ao trabalho”.
A Federação Única dos Petroleiros (FUP), que reúne direções sindicais de todo o país, decidiu recomendar a suspensão provisória da greve. A interrupção da paralisação estava sendo votada em assembleias estaduais ao longo da tarde desta quinta. A volta o trabalho é pré-requisito para que ocorra a mediação entre Petrobras e trabalhadores no TST na sexta.
Questionado sobre a possibilidade da greve ser mantida, o diretor disse que a Petrobras irá retomar o plano de contingência “e manter nossas unidades funcionando normalmente, como fizemos nesse momento aqui, sem impacto significativo na produção e, portando, sem justificativa para aumento de preços”.
Diante da declaração do diretor, o presidente da companhia, Roberto Castello Branco, retificou que os preços de combustíveis da Petrobras são reajustados com base no mercado internacional, sugerindo que não haveria impacto da greve.
“O preço da gasolina subiu, simplesmente, porque ps preços internacionais subiram”, afirmou Castello Branco. Ele destacou, também, que “não existe risco de desabastecimento” caso a paralisação dos petroleiros seja mantida.
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