Petroleira diz que medida deve contribuir para redução do endividamento da Petrobras. Bacia Petrolífera de Urucu, no Amazonas
Divulgação/Petrobras
A Petrobras anunciou na sexta-feira (27) venda da totalidade de sua participação em um conjunto de sete concessões de produção terrestres localizadas na Bacia de Solimões, no Amazonas. De acordo com a empresa, a medida deve contribuir para a redução do endividamento da Petrobras.
O Polo Urucu compreende concessões de produção (Araracanga, Arara Azul, Carapanaúba, Cupiúba, Leste do Urucu, Rio Urucu, Sudoeste Urucu), todas localizadas no Amazonas, nos municípios de Tefé e Coari, em uma área de aproximadamente 350 km2.
De acordo com a petroleira, o processo consiste na cessão dos direitos de exploração, desenvolvimento e produção de óleo e gás natural. Além das concessões e suas instalações de produção, estão incluídos na transação, segundo a empresa, as unidades de processamento da produção de petróleo e gás natural e instalações logísticas de suporte à produção.
“Essa operação está alinhada à estratégia de otimização de portfólio e melhoria de alocação do capital da companhia, passando a concentrar cada vez mais os seus recursos em águas profundas e ultra-profundas, onde a Petrobras tem demonstrado grande diferencial competitivo ao longo dos anos”, diz a estatal.
De acordo com a Petrobras, a produção média mensal do Polo Urucu do 1° trimestre de 2020 foi de 106.353 boed, sendo 16.525 bpd de óleo e condensado e 14.281 Mm³/d de gás, além de 1,137 mil ton/dia de GLP.
A petroleira afirma, ainda, que o processo de venda não prevê demissões de empregados da Petrobras na região. A empresa diz que todos funcionários serão realocados para outras unidades organizacionais da companhia.
Ao G1, o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria do Petróleo (Sindipetro-PA/AM/MA/AP) afirmou não ter sido comunicado diretamente sobre a venda.
A diretora de comunicação do Sindipetro-PA/AM/MA/AP, Elita Azevedo, disse que o polo é um dos principais produtores do mundo e com a possível venda, temem que a região fique vulnerável.
“Tem várias questões envolvidas. A primeira, é a responsabilidade que é produzir petróleo e gás no meio da floresta amazônica, que é uma das áreas mais cobiçadas do mundo. Temos exemplos, não de áreas petrolíferas, mas de áreas que, após uma privatização, tiveram processos de desastre ambiental, como os casos de Mariana e Brumadinho. Temos medo de que isso possa acontecer aqui, com a privatização”, disse.
Ainda segundo Elita, a situação dos empregos fica comprometida com a privatização do polo, já que pode acarretar em uma precarização dos postos de trabalho que existem nas regiões em que o Polo Urucu abrange.
Sobre os questionamentos, a Petrobras diz que as empresas interessadas na compra deverão atender aos requisitos de operador em área remota, conforme exigência da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), além de todas as licenças operacionais e condicionantes ambientais necessárias.
Diz ainda “que o processo de passagem de operação para o novo concessionário também prevê medidas para que não ocorra descontinuidade no fornecimento de gás natural, petróleo e GLP, com a garantia da continuidade operacional e de manutenção do ativo.”
Em 2019, a empresa vendeu o campo de Azulão, na Bacia do Amazonas, para viabilizar a produção de gás e geração de energia.
Comentar