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Pesquisadores da UFV realizam estudos há quase 20 anos sobre solos da Antártica e mudanças climáticas

O G1 conversou com pesquisadores que analisam o permafrost -, o solo congelado do continente – e monitoram as alterações. Oito anos depois do incêndio que destruiu a Estação Antártica Comandante Ferraz, base brasileira reabre para cientistas e pesquisadores.
Divulgação Marinha do Brasil
Há quase 20 anos, pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa (UFV) coordenam projetos em um território muito diferente das paisagens da Zona da Mata mineira. Na gelada Antártica, os professores Márcio Francelino e Carlos Schaefer estudam e analisam as mudanças climáticas do continente por meio do solo.
O G1 conversou com Carlos Schaefer, responsável pelo projeto Permaclima e que viajou à Antártica durante 18 anos seguidos. O colega de profissão, Márcio Francelino, embarcou para o continente no início de fevereiro, após a inauguração das novas instalações da Estação Antártica Comandante Ferraz.
Rede de monitoramento das mudanças climáticas
Gelo da Antártica está derretendo 6 vezes mais rápido do que há 40 anos
Chris Larsen/Nasa/AFP
Em parceria com diversas universidades brasileira, a UFV lidera o projeto na parte de monitoramento das mudanças climáticas por meio de análise dos solos congelados – chamado permafrost.
A análise do que acontece no continente antártico gera informações importantes para a elaboração de possíveis cenários futuros de mudanças climáticas no Brasil.
“Se ocorre aquecimento, o permafrost se aprofunda. Se ocorre resfriamento, ele chega mais próximo da superfície. Isso o torna um eficiente sensor das variações do clima e nos permite modelar o que pode acontecer por aqui”, analisou o professor Márcio Francelino.
Carlos Schaefer afirmou que as pesquisas são para entender a dimensão ecológica destas mudanças e o impacto que gera na vegetação e evolução do relevo e dos solos.
Para realizar esse trabalho do monitoramento da mudanças e da dinâmica do permafrost, era necessário uma viagem anual de navio até a Antártica para recolher os dados.
Atualmente, o grupo de pesquisadores está realizando automação do envio dos dados e, com isso, a necessidade de viajar até o local mudou de um ano para três anos.
“Nós temos uma rede de monitoramento, que são 23 sítios espalhados por toda a Antártica e esses sítios demandam apoio de navio para deslocamento e para baixar os dados de monitoramento”, afirmou o pesquisador.
Os sítios de monitoramento são localizados na Antártica peninsular, em ilhas e em uma parte continental.
Outros estudos do grupo avaliam a emissão de gases de efeito estufa nas áreas livres de gelo, principalmente naquelas que estão recentemente expostas com o recuo das geleiras.
Por conta dos anos de estudo, o grupo brasileiro é um dos maiores em atuação no continente em pesquisas de clima e solo. Com as estruturas novas da estação, a expectativa é de que o apoio para continuar os estudos e permanência na região seja facilitado.
As instalações da Estação Antártica Comandante Ferraz foram destruída por um incêndio, em 2012, e reinauguradas em janeiro de 2020.
“Com o incêndio, tivemos perda de alguns equipamentos que estavam na estação, mas depois foram repostos pelo Ministério da Ciência e Tecnologia e continuamos realizando os estudos utilizando o navio como base”, revelou Schaefer.
Para 2021, os planos são de voltar a trabalhar entorno da estação brasileira e com o foco em pesquisas na Baía do Almirantado, uma área de 8 km de comprimento.

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