Segundo os pesquisadores o peixe-leão é uma ameaça ao meio ambiente e aos seres humanos. O animal foi capturado na terça-feira (3), a uma profundidade de 32 metros. Peixe invasor é encontrado em Noronha
Um peixe-leão, espécie invasora e venenosa, foi capturado em Fernando de Noronha, na terça-feira (3). Essa é a segunda vez que um animal da espécie Pterois volitans foi encontrado na ilha. O novo registro deixou os ecologistas em alerta, por causa do risco que representa ao meio ambiente e aos seres humanos (veja vídeo acima).
O Instituto Chico Mendes da Biodiversidade (ICMBio) já havia feito um alerta na ilha. Em caso de identificação do peixe-leão, o órgão deveria ser comunicado de imediato. A primeira captura em Noronha aconteceu em dezembro de 2020.
No Brasil, cinco peixes dessa espécie foram capturados. Nas duas vezes em que o invasor foi identificado na ilha, o animal foi encontrado pelo mergulhador Fernando Rodrigues. Ele recolheu o bicho quando estava acompanhado pelos pesquisadores do ICMBio.
“Dessa vez, encontrei o peixe-leão a uma profundidade de 32 metros. Ainda bem que consegui fazer a captura”, falou o mergulhador.
Peixe-leão foi capturado pelo mergulhador Fernando Rodrigues
Rodrigo Steinhaus/Sea Paradise
A bióloga Clara Buck, da Universidade Federal Fluminense (UFF), é mestre em ecologia marinha e voluntária do ICMBio. A pesquisadora acompanhou a captura, fez a primeira análise do animal e detalhou os riscos.
“O peixe-leão pode apresentar muitos riscos para o ser humano e para a biodiversidade marinha local. Para o humano, é um perigo porque tem 18 espinhos venenosos, que apresentam uma toxina. Essa toxina pode causar febre, vermelhidão e até convulsões” afirmou a bióloga.
A pesquisadora explicou o risco para o meio ambiente. “O peixe-leão é um predador. Se ele conseguir se estabelecer, vai consumir muitos indivíduos. Em Noronha, existem espécies endêmicas, que só ocorrem nessa região, e o peixe-leão pode causar extinção delas”, declarou Clara Buck.
A estudiosa afirmou, ainda, que o peixe invasor pode causar impactos para a pesca local. “É uma reação em cadeia. O peixe-leão preda os peixes menores, que seriam alimento para os maiores, como atum e barracuda. Isso pode causar um impacto ecológico em toda cadeia alimentar”, disse.
Captura do peixe-leão foi realizada na terça-feira (3)
Sea Paraside/Divulgação
O primeiro indivíduo encontrado em dezembro do ano passado era adulto. A nova captura foi de um peixe-leão filhote. Os pesquisadores não sabem a espécie está se reproduzindo em Fernando de Noronha.
Amostras dos peixes vão ser levadas para a UFF e Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, para análise genética. Os estudiosos suspeitam que esses peixes podem ter vindo do Caribe, onde já causaram muitos problemas ambientais.
Amostras dos dois peixes caputurados serão enviadas para análise
Ana Clara Marinho/TV Globo
O ICMBio e os pesquisadores reforçam as pessoas, que identifiquem o peixe-leão, façam contato com o instituto, na sede do órgão na Vila do Boldró, ou pela internet, no site do Parque Nacional Marinho.
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