O presidente Luiz Inácio Lula da Silva propôs, em reunião com governadores, a criação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que fortalece a competência federal na segurança pública, visando uniformizar as diretrizes entre os estados e reforçar o combate ao crime organizado. Com isso, o governo pretende criar um sistema padronizado de documentos, dados e sistemas de segurança, além de fortalecer a Polícia Federal (PF) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Lula abriu a reunião destacando o avanço do crime organizado no Brasil e ressaltou que “logo, logo o crime organizado vai estar participando de concurso”, referindo-se à infiltração crescente das facções no sistema político. A proposta federal recebeu apoio de parte dos governadores, mas também gerou preocupação quanto à autonomia dos estados. Muitos veem a PEC como um ponto de partida para um debate profundo sobre a segurança pública, mas alertam que o problema vai além das medidas propostas.
PEC e Mudanças Propostas na Segurança Pública
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, apresentou a proposta, que permitirá à União estabelecer diretrizes para a segurança e o sistema prisional, além de aumentar a cooperação entre os níveis federal, estadual e municipal. Segundo Lewandowski, “a segurança pública precisa falar a mesma língua”. Ainda assim, o governo garantiu que as decisões finais serão discutidas em conjunto com os estados e municípios, buscando consenso.
Governadores como Cláudio Castro, do Rio de Janeiro, sugeriram ajustes para incluir investimentos em segurança fora do limite da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Outros, como a governadora Celina Leão, destacaram a necessidade de um grupo de trabalho para analisar a PEC e ampliar o debate, destacando que a segurança pública exige medidas além das propostas pela emenda.
Resistência e Debate sobre Autonomia dos Estados
A PEC enfrenta resistência, especialmente de governadores que temem a centralização do controle sobre as polícias locais. Ronaldo Caiado (União Brasil), governador de Goiás, foi enfático ao criticar o que considera um avanço sobre as competências estaduais, afirmando que “o governo federal tem que servir de apoio a nós, e não ditar regras”.
Além disso, os governadores destacaram que a segurança pública no Brasil enfrenta desafios de infraestrutura, como a construção de presídios e maior controle de fronteiras, além de demandas por aumento do efetivo policial e mudanças nas leis para endurecimento das penas contra membros de facções criminosas. Para muitos, a PEC é apenas o primeiro passo, e mais ações serão necessárias para um combate eficaz ao crime organizado em nível nacional.
Uma Proposta em Debate
A PEC da Segurança Pública se propõe a enfrentar um dos maiores desafios do país: a influência do crime organizado, que avança não apenas nas ruas, mas também nas esferas de poder. Com discussões que se estendem do sistema prisional até a cooperação entre estados e União, a proposta simboliza o início de um debate profundo sobre o fortalecimento da segurança pública, mas a adesão dos estados será essencial para que as mudanças realmente aconteçam.
Fonte:Correio Braziliense
Foto:Carta Capital
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