Vigilantes da unidade conseguiram registrar pela segunda vez, em uma semana, o felino às margens do Rio Paranapanema. Vigilantes do Parque Estadual do Morro do Diabo fazem novo registro de onça-pintada
Novas imagens ressaltam a presença da onça-pintada (Panthera onca) no Parque Estadual do Morro do Diabo (PEMD), em Teodoro Sampaio (SP). Esta é a segunda aparição da espécie em uma semana e foi registrada por vigilantes do local. A gestão da unidade estima que a área abrigue de 20 a 30 indivíduos, entre onças-pardas e pintadas.
Conforme o gestor do PEMD, Eriqui Inazaki, relatou ao G1, as imagens foram feitas por volta das 6h deste domingo (19), às margens do Rio Paranapanema, pelos vigilantes Rodrigo Alves e Claudinei de Freitas.
“Devido ao bom estado de conservação do parque, elas estão fortes e saudáveis e costumam se alimentar próximo ao Rio Paranapanema”, comentou ao G1 o gestor do local.
As principais presas da onça são mamíferos, como cotias, roedores e catetos.
O Parque Estadual do Morro do Diabo tem aproximadamente 34.000 hectares, dos quais 40 quilômetros são margeados pelo Rio Paranapanema, e estima-se que a unidade abrigue de 20 a 30 onças, entre pardas e pintadas, ainda conforme Inazaqui.
A primeira aparição registrada por vigilantes foi na semana passada, no domingo, dia 12.
Vigilantes do Morro do Diabo registram imagens de onça-pintada durante ronda no Rio Paranapanema; veja VÍDEOS
No entanto, Inazaqui contou ao G1 que a presença do felino já é notada há algum tempo. Câmeras Trap instaladas para pesquisa captaram o felino numa zona primitiva do parque em outubro do ano passado, por exemplo.
“Registros como esses, com detalhes, são feitos quando existem pesquisas. Como são em áreas primitivas, a equipe de vigilância registra quando consegue, com celulares. Elas são muito rápidas”, comentou.
O gestor do parque ressaltou ao G1 que “esses animais estão livres dentro do seu habitat original”.
“Não trazem perigo ao homem, desde que não sejam ameaçados. E temos que preservar cada vez mais, pois é uma luta constante pela conservação dessa área tão importante para as gerações futuras”, salientou ainda.
‘Intensidade ecológica’
O biólogo Edson Montilha, que trabalha na Fundação Florestal, entidade que é responsável pela gestão do Parque Estadual do Morro do Diabo, explicou ao G1 que a onça-pintada é um animal criticamente ameaçado de extinção no Estado de São Paulo principalmente em decorrência da redução histórica das áreas de Mata Atlântica.
“A Mata Atlântica é bastante fragmentada e reduzida. Existe uma grande biodiversidade por trás do aparecimento de uma onça-pintada, que é um predador do topo de cadeia. Isso mostra que tem intensidade ecológica na região do parque. Mostra que há recursos e alimentação para um animal desse porte, que necessita de uma grande área para viver, pois se desloca muito, e que tem como presas grandes mamíferos, como antas e capivaras”, salientou o biólogo ao G1.
Montilha lembrou que, no planeta, a onça-pintada é considerada o terceiro maior felino, atrás apenas do leão e do tigre.
O biólogo informou que a Fundação Florestal está iniciando, juntamente com parceiros, um projeto de monitoramento de grandes mamíferos no Morro do Diabo, através de câmeras que serão espalhadas pelo parque para acompanhar e registrar os deslocamentos dos animais, com a captação de imagens em fotos e vídeos durante 24 horas por dia.
“O processo de licitação deverá ser aberto no mês que vem e a previsão é de que o sistema entre em operação já no primeiro semestre de 2020”, detalhou Montilha.
Ele ainda lembrou ao G1 que o Morro do Diabo é um símbolo da preservação do mico-leão-preto, contando com a maior população do primata em Mata Atlântica no Estado de São Paulo.
Risco de extinção
A onça-pintada é o maior felino do continente americano. Tem até 1,90 metro de comprimento e 80 centímetros de altura. Os machos pesam cerca de 20% a mais do que as fêmeas, podendo chegar a 135 quilos.
A onça-pintada pode viver em vários tipos de habitat, desde que uma parte da vegetação seja densa. É um animal solitário e territorial. Tem hábitos noturnos. Pode ocupar áreas de 22 km² a mais de 150 km² (dependendo da disponibilidade de presas). A espécie era encontrada desde o sudoeste dos Estados Unidos até o norte da Argentina. Mas está oficialmente extinta nos Estados Unidos e já é uma raridade no México.
Na onça-pintada, ocorre também o fenômeno do melanismo, comum em outros felinos. A coloração amarela é substituída por uma pelagem preta. Dependendo da luz em que o animal se encontra, percebem-se as rosetas. O animal na forma melânica é chamado de onça-preta.
As populações vêm diminuindo devido ao confronto com atividades humanas, como a pecuária. A espécie é classificada pela União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN) e pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) como vulnerável e está no Apêndice I da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies de Fauna e Flora Selvagem Ameaçadas de Extinção (Cites). Ou seja, o risco de extinção está associado ao comércio e sua comercialização só é permitida em casos excepcionais, mediante autorização expressa.
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