Justiça grega já decidiu enviar Alexander Vinnik para Estados Unidos e Rússia, mas ministro pretende entregá-lo para a França. Alexander Vinnik, russo suspeito de executar uma operação de lavagem de dinheiro, em imagem de arquivo
Reuters/Alexandros Avramidis
A Justiça da Grécia decidiu suspender temporariamente a extradição do russo Alexander Vinnik, prolongando uma disputa que já dura dois anos e meio. Ele é acusado de ser operador da BTC-e, um serviço de compra e venda de Bitcoin envolvido em atividades criminosas, e três países pediram sua extradição: Estados Unidos, Rússia e França.
Vinnik começou sua segunda greve de fome depois do Ministro da Justiça da Grécia decidir na sexta-feira (20) que o entregaria para a França. Ele quer ser extraditado para o seu país de origem, a Rússia, onde iria responder por fraudes que somam 9,5 mil euros (cerca de R$ 43 mil).
Se for extraditado para os Estados Unidos ou para a França, Vinnik responderá pelo seu envolvimento na BTC-e, que teria intermediado pagamentos que somam até US$ 9 bilhões (cerca de R$ 36,8 bilhões) para lavagem de dinheiro.
Boa parte do montante investigado por esses dois países teria origem ilícita ou suspeita, incluindo pagamentos de resgate feitos para criadores de vírus – um relatório aponta que 95% dos pagamentos de resgate cobrados por vírus passaram pela BTC-e enquanto ela esteve ativa – e volumes roubados da corretora japonesa Mt. Gox, que faliu em 2014 após uma série de ataques de hackers e problemas técnicos.
Vinnik nega que tenha atuado como operador da BTC-e. Segundo sua defesa, ele foi apenas consultor.
Disputa pela extradição
A corretora de Bitcoin BTC-e foi fechada por autoridades norte-americanas em 2017 após seis anos em funcionamento. Em julho daquele ano, Vinnik foi preso na Grécia e começou uma batalha para não ser extraditado para os Estados Unidos, onde responderia como operador do esquema de lavagem de dinheiro. Posteriormente, Rússia e França também manifestaram interesse.
Para o Ministério da Justiça grego, Vinnik deveria ser extraditado inicialmente para a França. De lá, ele deveria ser encaminhado para os Estados Unidos. Só depois de ter respondido as acusações desses dois países é que ele deveria ser encaminhado para a Rússia.
Vinnik já afirmou que não confia nos tribunais franceses e americanos. Sua advogada, Zoe Costantopoulou, tachou a extradição para a França de uma “sentença de morte”.
De acordo com a agência de notícias Sputnik, do governo russo, Vinnik enviou cartas a autoridades do seu país para confessar crimes e se colocar à disposição dos investigadores. Ele também teria sido vítima de uma tentativa de envenenamento dentro da prisão na Grécia. Em fevereiro, ele encerrou uma greve de fome que durou 88 dias após ser visitado, no hospital, pela Comissária da Rússia para os Direitos Humanos Tatyana Moskalkova.
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