Jacqueline Baxter, da Open University, no Reino Unido, afirma que é hora de repensar nossos conceitos sobre o que consideramos uma ‘liderança eficaz’. Pesquisar sobre o chefe
Henrique Akeo Maruyama/Arte G1
Como é o seu chefe? Confiante? Decisivo? Tem resposta para tudo?
É certamente isso que a maioria das pessoas pensa quando questionada sobre as características que fazem de alguém um bom líder.
Mas precisamos repensar esse conceito agora mesmo, de acordo com Jacqueline Baxter, professora adjunta de Políticas Públicas e Gestão na Open University, no Reino Unido.
“Olhe para os líderes ao seu redor”, diz ela. “Você vê indivíduos calmos, racionais, que ouvem e fazem julgamentos ponderados? Ou algo muito diferente?”
O argumento de Baxter é simples: indivíduos barulhentos e confiantes, com soluções rápidas e agilidade mental invejável, nem sempre são o chefe ideal.
Extrovertidos ‘super-representados’ na liderança… e funcionários não tão felizes
“Eu diria que as crises do nosso tempo precisam de uma abordagem mais ponderada. Uma abordagem mais silenciosa”, afirma.
“Os extrovertidos são representados de forma exagerada em posições de liderança sênior. Um estudo mostrou que 98% dos executivos de alto escalão obtiveram pontuação ‘muito alta’ ou ‘acima da média’ na escala de extroversão. Mas as pessoas em geral não estão satisfeitas com seus líderes.”
Chefe microgerenciador
Editoria de Arte / G1
Um levantamento do instituto de pesquisa Gallup de 2017 sobre o ambiente de trabalho americano confirma a teoria dela. Ele revelou que apenas 13% dos funcionários concordavam fortemente que a liderança de sua organização estava se comunicando de forma eficaz com o resto.
Aqueles que se sentiam “entusiasmados” em relação ao seu futuro somaram apenas 15%. E apenas um em cada cinco funcionários disse que a liderança em sua organização tinha uma direção clara.
Poderia haver então uma conexão entre as duas coisas?
O treinamento de liderança se concentra em ‘atividades extrovertidas’, como apresentações
Baxter acredita que não é mera coincidência. “Acho que precisamos reexaminar a maneira como nossa sociedade vê a liderança eficiente.”
Por experiência própria, Baxter diz que muitos cursos de liderança tendem a focar em atividades extrovertidas de equipe, como networking e apresentações.
“Isso faz com que as pessoas mais caladas talvez acreditem erroneamente que simplesmente não têm as qualidades de um ‘bom líder'”, afirma.
Quem poderia ser um bom ‘líder silencioso’ e quais são os benefícios?
Baxter cita Rosa Parks, Mahatma Gandhi e Bill Gates como bons exemplos de liderança silenciosa. Ela insiste que os introvertidos têm muitas contribuições a oferecer, porque “são mais propensos a ouvir e processar as ideias de sua equipe e considerar essas sugestões profundamente antes de agir de acordo com elas”.
Mahatma Gandhi foi um dos vegetarianos mais famosos da história.
Getty Images
Longe de serem lentos, ela acrescenta, os introvertidos são, na verdade, “mais atenciosos e mais propensos a dar crédito aos membros da equipe por suas ideias e desempenho”.
“Liderança é algo complexo, mas em um mundo de frases de efeito, estratégias pé na porta e pensamento preto no branco, talvez recuar e ouvir pode ser empoderador para os líderes e seus seguidores”, finaliza.
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