A recente onda de violência em El Salvador (87 pessoas foram assassinadas no fim de semana) foi atribuída pelo governo do país a grupos criminosos organizados, como Mara Salvatrucha e Barrio 18. As autoridades informaram que prenderam, nos últimos dias, 2.163 pessoas.
A nova onda de violência começou no último sábado — e, aparentemente, há alvos que não seriam implicados nas guerras entre gangues, como vendedores de rua, motoristas de taxi, pessoas que estavam comprando pão, etc.
Segundo o jornal “The New York Times”, no ano passado, o governo dos Estados Unidos acusou o atual presidente, Nayib Bukele, de fazer um acordo secreto com algumas gangues (inclusive com a Mara Salvatrucha).
O Departamento do Tesouro dos EUA chegou a sancionar alguns dirigentes do governo salvadorenho acusados de fornecer incentivos financeiros, prostitutas e acesso a telefones celulares a líderes de gangues presos. Em troca, as gangues diminuiriam a violência.
Reportagens publicadas em jornais salvadorenhos também apontam que o governo negociou com os grupos criminosos para reduzir os homicídios.
Bukele não é o primeiro presidente salvadorenho acusado de fechar acordos com as gangues.
Ele se elegeu com a promessa de diminuir a violência no país, o que de fato ocorreu: em 2021, foram registrados 1.147 homicídios, enquanto em 2017 foram 3.962.
O presidente nega que tenha feito acordos com as gangues.
Depois dos homicídios do último sábado, o governo decretou um regime de exceção, com duração de um mês. A medida foi vista com preocupação por entidades de direitos humanos.
O ex-secretário da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) Paulo Abrão chamou de “populismo penal” as medidas adotadas no país contra a violência. “Ilegalidades para enfrentar ilegalidades. Barbáries para enfrentar barbáries”, publicou Abrão no Twitter.
Bukele respondeu de imediato: “Vocês na OEA e a CIDH foram os que patrocinaram a trégua (entre gangues) que só fortaleceu os grupos criminosos e lhes permitiu acumular recursos, dinheiro e armamento. Levem sua peste (as gangues) do nosso país.”
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