Alta-comissária para direitos humanos também alertou para ‘retrocessos significativos’ nas políticas de proteção ambiental. Alta-comissária de Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet discursa em Genebra nesta quinta-feira (27)
Denis Balibouse/Reuters
A alta-comissária da Organização das Nações Unidas (ONU) para Direitos Humanos, Michelle Bachelet, criticou nesta quinta-feira (27) o que chamou de “ataques contra defensores de direitos humanos” no Brasil.
Em discurso em Genebra, na Suíça, a representante também alertou para “retrocessos significativos” nas políticas de proteção ambiental e de promoção dos direitos dos povos indígenas em território brasileiro.
“No Brasil, os ataques contra defensores dos direitos humanos, inclusive assassinatos — muitos deles contra líderes indígenas — ocorrem em um contexto de retrocessos significantes das políticas de proteção ao meio-ambiente e aos direitos dos povos indígenas”, declarou Bachelet.
“Há também cada vez mais tomadas de terras indígenas e de afrodescendentes, e esforços para deslegitimar o trabalho da sociedade civil e movimentos sociais”, acrescentou.
Consultado pelo G1, o Palácio do Planalto respondeu que não comenta a declaração de Bachelet.
Críticas aos EUA
Inundação deixa morador ilhado no estado de Nova York, nos EUA, em novembro de 2019
Darren McGee/New York State Governor’s Office via AP
Bachelet também mencionou os Estados Unidos como outro país que retrocedeu na área de proteção ambiental e citou os recursos hídricos norte-americanos.
“Poluentes não tratados agora podem ser despejados diretamente nas correntezas e rios, colocando em risco ecossistemas, água potável e a saúde humana”, afirmou.
Um membro do Border Angels pendura uma faixa com a inscrição “Trump não pagaremos pelo seu muro” durante um ato contra o presidente americano na fronteira em Playas de Tijuana, no México
Guillhermo Arias/AFP
A alta-comissária da ONU ainda alertou sobre as políticas migratórias dos Estados Unidos, que, segundo ela, “aumentam preocupações sobre os direitos humanos”.
“Reduzir o número de pessoas que tentam entrar no país não pode ser feito ignorando as proteções aos migrantes e requerentes de asilo. A situação das crianças detidas é uma preocupação particular.”
América Latina: perigo para os direitos humanos
Tanque de guerra percorre as ruas de Caracas, na Venezuela, durante exercício militar neste sábado (15)
Manaure Quintero/Reuters
A declaração de Bachelet vem no mesmo dia em que a Anistia Internacional publicou relatório que coloca a América Latina como local mais perigoso do mundo para ativista de direitos humanos. A entidade citou a repressão na Venezuela como “particularmente severa”.
De acordo com a Anistia Internacional, forças de segurança do regime chavista cometeram crimes de acordo com a lei internacional e graves violações de direitos humanos, incluindo execuções extrajudiciais, detenções arbitrárias e uso excessivo de força que podem representar crimes contra a humanidade.
Erika Guevara-Rosas, diretora da ONG para as Américas, afirma que a Anistia já tentou entrar em contato com o governo venezuelano — com pedidos de informação e de encontros. O presidente Nicolás Maduro respondeu que a entidade é um órgão imperialista a serviço dos Estados Unidos.
Em outra declaração na ONU, Bachelet afirmou que vai divulgar uma avaliação sobre a situação dos direitos humanos na Venezuela em 10 de março.
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