Viagem deve durar três dias, com representantes de nações, da União Europeia e da OTCA. Governo diz que pretende desfazer visão negativa e mostrar que floresta ‘continua preservada’. O governo federal anunciou nesta quinta-feira (29) que levará representantes diplomáticos de 10 países à região amazônica, na próxima semana, para defender “que a Amazônia brasileira continua preservada”. A comitiva será capitaneada pelo vice-presidente da República e presidente do Conselho da Amazônia Legal, Hamilton Mourão.
O presidente Jair Bolsonaro não deve participar da viagem oficial, que prevê compromissos nas cidades de Manaus, São Gabriel da Cachoeira e Maturacá, todas no Amazonas. O grupo deve sair de Brasília na manhã da próxima quarta-feira (4) e retornar dois dias depois, na sexta (6).
Em setembro, Mourão anunciou que levaria representantes europeus à Amazônia
De acordo com a Vice-Presidência da República, participarão os chefes das missões diplomáticas de:
África do Sul
Alemanha
Canadá
Colômbia
Espanha
França
Peru
Portugal
Reino Unido
Suécia
Além das representações dos países, devem participar da viagem os chefes diplomáticos da União Europeia e da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), que tem sede em Brasília.
O Executivo brasileiro será representado na comitiva, além de Mourão, pelos ministros Tereza Cristina (Agricultura), Ricardo Salles (Meio Ambiente), Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Eduardo Pazuello (Saúde), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e pelo chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, tenente-brigadeiro do ar Raul Botelho.
A viagem foi organizada após oito países europeus enviarem uma carta a Mourão, afirmando que a alta do desmatamento poderia dificultar a importação de produtos brasileiros.
No documento divulgado em setembro, os países disseram estar comprometidos em liminar o desmatamento das cadeias de produtos agrícolas vendidos para a Europa. Em resposta, Mourão já tinha informado que pretendia levar os embaixadores para visitar o bioma.
“A questão é proporção. Se a gente consegue ver que aquilo [desmatamento] é concentrado em uma área específica, que aquilo ali não corresponde à massa do bioma amazônico, a gente está reforçando um discurso que o vice-presidente faz recorrentemente. De que você tem, de fato, um choque de civilização em uma determinada área”, disse o embaixador Juliano Féres Nascimento, chefe da assessoria diplomática da Vice-Presidência.
O embaixador da Noruega também foi convidado, mas não poderá participar. Alemanha e Noruega são os maiores doadores do Fundo Amazônia, que financia ações ambientais na região – e que não celebra contratos para incentivar novos projetos desde 2018.
Na época em que recebeu a carta, Mourão considerou que o documento “não tinha tom agressivo” e repetia o conteúdo de outras manifestações recebidas pelo governo, criticado em razão da política ambiental do presidente Jair Bolsonaro.
Para Mourão, o “ponto focal” da carta era uma questão comercial que envolve as cadeias de produção de alimentos. A discussão ocorre em um contexto de barreiras comerciais, no qual o Brasil precisa fazer negociação diplomática e ambiental.
“Faz parte da estratégia comercial dos países europeus essa questão da cadeia de suprimento, isso é uma barreira. Existem barreiras tarifárias e não tarifárias, então, isso a gente tem que fazer a negociação, não só comercial, mas diplomática, como a ambiental também”, disse o vice-presidente em setembro.
Roteiro
Segundo o assessor diplomático de Mourão, a ideia é que o avião saia de Brasília em direção à Serra do Cachimbo, localizada na divisa entre os estados de Mato Grosso e Pará. De lá, a aeronave deve reduzir altitude e seguir o traçado da BR-163, no trecho que vai da divisa os dois estados até a cidade de Santarém (PA).
Nascimento diz que, nesse trecho, será possível sobrevoar áreas recém desmatadas, que enfrentam incêndios frequentes e áreas que apresentem as “cicatrizes” do fogo. Depois, disse o assessor, a comitiva será apresentada à parte da Amazônia que está preservada.
Em Manaus, o roteiro prevê atividades em organizações militares e no laboratório de investigação da Polícia Federal.
Em Iranduba, o grupo deve visitar um projeto de colonização do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). A comitiva também deve passar pelo local onde as águas dos rios Negro e Solimões se encontram para formar o Rio Amazonas.
Em São Gabriel da Cachoeira, os embaixadores devem ser levados à Casa de Apoio à Saúde Indígena, da Secretaria Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, além de visitar organizações militares.
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