Franceses alegam alta do desmatamento no Brasil para rejeição ao acordo. Departamento ultramarino da França na América do Sul, Guiana Francesa é coberta pela floresta amazônica. Após França reforçar oposição a acordo, Mourão cita desmatamento na Guiana Francesa
Após o governo francês ter acesso a um relatório sobre desmatamento no Brasil e reforçar a oposição à versão atual do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, o vice-presidente Hamilton Mourão disse nesta sexta-feira (18) que a Guiana Francesa também tem registros de desmatamento e mineração ilegal.
A Guiana Francesa é um departamento ultramarino que a França possui na América do Sul. A região faz fronteira com o Brasil e tem parte de seu território coberto pela floresta amazônica. O garimpo ilegal é um dos problemas nesta porção da Amazônia.
“Temos a Pan-Amazônia, abrangida pela Organização do Tratado de Cooperação Amazônica, onde, incluído o Brasil, nós somos nove países, sendo que um é a França, uma vez que a Guiana Francesa é um departamento ultramarino e faz fronteira com o nosso estado do Amapá. E lá temos mineração ilegal e desmatamento também, mas ninguém fala disso”, disse o vice-presidente durante videoconferência nesta sexta.
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Mourão disse ainda que o anúncio francês de rejeição ao acordo UE-Mercosul reflete uma “opinião” do primeiro-ministro, Jean Castex.
Ele defendeu que o governo brasileiro use a diplomacia para mostrar aos países europeus que o acordo, anunciado em 2019 mas que ainda não entrou em vigor, será benéfico os países dos dois blocos.
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“É uma opinião do primeiro-ministro francês de que o acordo Mercosul-União Europeia não deve ser ratificado pelo parlamento francês pela questão do desmatamento. Ora, vamos lembrar que na Guiana Francesa nós temos garimpo ilegal e temos desmatamento, é uma província francesa, mas não vou colocar a discussão nesse nível, essa é aquela discussão do nível baixo”, declarou Mourão.
O vice-presidente voltou a dizer que o problema do desmatamento e do garimpo ilegal na Amazônia brasileira é menos grave do que o divulgado e que ele atinge a região há muito tempo.
“Existem problemas? Existem. Mas não é um problema generalizado da forma como se coloca. A questão dessas ilegalidades, ela ocorre praticamente nas áreas antropizadas da Amazônia, a maioria delas há mais de 20 anos, 30 anos, ocupada por propriedades rurais”, acrescentou.
Único país do Mercosul com território coberto pela floresta amazônica, o Brasil é alvo de críticas desde o ano passado, em razão da política ambiental do governo do presidente Jair Bolsonaro.
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Em julho, organizações ambientais e de direitos humanos europeias apresentaram um pedido ao ombudsman do bloco para que o processo de ratificação do acordo de livre comércio fosse interrompido.
Com restrições na área ambiental, três parlamentos na Europa (Áustria, Holanda e o da região da Valônia, na Bélgica) anunciaram que não darão seu aval ao acordo de livre comércio, negociado ao longo de duas décadas.
O acordo também é alvo de críticas na França. O primeiro-ministro do país, Jean Castex, argumenta que o desmatamento ameaça a biodiversidade e o clima. A França, junto com outros países, deseja impor condições ambientais para que as negociações avancem.
Para entrar em vigor, o acordo de livre comércio precisa ser aprovado pelos parlamentos dos países envolvidos, o que ainda não aconteceu.
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