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Meio Ambiente

Merkel expressa 'sérias dúvidas' sobre o Mercosul em razão da Amazônia

Acordo de livre comércio entre os blocos econômicos do Mercosul e União Europeia foi assinado no ano passado, mas para ser validado definitivamente ainda deve ser ratificado por todos os parlamentos nacionais, o que ainda não é o caso. Primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, a chanceler alemã, Angela Merkel, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente francês, Emmanuel Macron, conversam em encontro à margem de uma cúpula da UE que acontece em Bruxelas (Bélgica), no sábado (18)
Francisco Seco/AP
A chanceler alemã, Angela Merkel, expressou pela primeira vez, nesta sexta-feira (21), “sérias dúvidas” sobre o futuro do vasto acordo comercial entre a União Europeia (UE) e os países sul-americanos do Mercosul, diante da ameaça ecológica que paira sobre a floresta amazônica no Brasil.
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“Temos sérias dúvidas de que o acordo possa ser aplicado conforme planejado, quando vemos a situação” na Amazônia, afirmou o porta-voz da chanceler, Stephan Seibert.
Esse vasto acordo de livre comércio foi assinado no ano passado entre a UE e o Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai), mas para ser validado definitivamente ainda deve ser ratificado por todos os parlamentos nacionais, o que ainda não é o caso.
O Parlamento da Áustria e, muito recentemente, da Holanda, rejeitaram o acordo na sua forma atual.
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Na sexta-feira passada, a defensora do povo europeu, Emily O’Reilly, decidiu abrir uma investigação sobre o acordo, atendendo a preocupação de cinco ONGs sobre o estudo de seu impacto ambiental.
Outros países como Bélgica, França, Irlanda e Luxemburgo também expressaram reticências.
Após 20 anos de negociações, a UE e os países do Mercosul chegaram, há um ano, a um princípio de acordo comercial. O bloco sul-americano busca sua entrada em vigor o quanto antes.
O acordo se encontra, atualmente, na etapa de tradução para todas as línguas oficiais da UE, após a conclusão de sua revisão jurídica. Esta etapa deve estar concluída até outubro.
Até à data, a Alemanha era um dos grandes promotores deste acordo. Os comentários feitos por seu governo nesta sexta-feira aumentam o peso das críticas do lado europeu.
O texto é alvo dos ambientalistas, que temem seu impacto no meio ambiente.
Para responder a essas críticas, um capítulo abordando, em particular, a “conservação florestal” foi incluído no texto final.
Mas agora, a chanceler alemã tem “fortes preocupações” com o “desmatamento contínuo” e com os “incêndios” que aumentaram nas últimas semanas na Amazônia.
“Estamos céticos”, disse Stefan Seibert.
“Neste contexto”, Berlim “levanta sérias questões sobre a aplicação prevista” do acordo e, em particular, desta cláusula.
“A Amazônia preocupa o mundo todo”, acrescentou o porta-voz da chanceler. Esta é a primeira vez que Angela Merkel faz essas críticas ao acordo.
Essa posição é tomada no dia seguinte a um encontro entre a chanceler e os dirigentes do movimento ambientalista “Fridays for future”, em particular Greta Thunberg, em Berlim.
“Angela Merkel aprovou nossas críticas ao acordo com o Mercosul, e não pretende assiná-lo”, afirmou em uma rede social Luisa Neubauer, figura do movimento na Alemanha, que participou do encontro.
O acordo foi originalmente apoiado pela Alemanha e sua poderosa indústria exportadora, especialmente a indústria automotiva, que viu nele a oportunidade de novos mercados.
Mas as preocupações ecológicas, amplamente compartilhadas pela opinião pública alemã, estão ganhando cada vez mais peso no país, onde as manifestações regularmente reúnem milhares de jovens ativistas.

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