A ministra Maria Elizabeth Guimarães Teixeira Rocha, única mulher a integrar o Superior Tribunal Militar (STM) em 216 anos de história, foi eleita presidente da Corte na semana passada, em uma votação secreta e acirrada: oito votos a sete. A eleição rompeu com a tradição de rodízio automático entre os ministros mais antigos, trazendo à tona questões sobre equidade e inclusão no sistema judiciário militar.
Elizabeth decidiu o ministro Péricles de Queiroz, que também disputava o cargo, quase perdendo a chance de assumir a presidência. Na mesma sessão, foi eleito como vice-presidente o atual presidente da Corte, ministro Francisco Joseli Parente Camelo. Ambos comandarão o STM no biênio 2025-2026, com posse marcada para março.
Discussão no Senado
A eleição gerou repercussões no meio político. Durante a sabatina do general Guido Amin Naves, indicado ao STM pelo presidente Lula, o tema foi abordado pelo senador Fabiano Contarato (PT-ES), que criticou a candidatura de um oponente masculino justamente quando uma única mulher na Corte teria direito à presidência. “Isso é uma demonstração de comportamento sexista dentro da instituição”, afirmou Contarato. Em resposta, o general parabenizou Maria Elizabeth, evitando comentar diretamente a polêmica.
Trajetória Pioneira
Maria Elizabeth tem uma história marcada por conquistas inéditas no STM. Foi a primeira mulher a assumir o cargo de ministro, vice-presidente, presidente interina e agora, presidente eleito. Natural de Belo Horizonte, foi nomeado em 2007 pelo presidente Lula para ocupar uma das cadeiras reservadas à advocacia no tribunal. Doutora em Direito Constitucional pela UFMG, sua tese recebeu nota máxima, “10 com louvor”.
Elizabeth construiu uma carreira sólida e meritocrática, apesar de sua proximidade com o universo militar — ela é casada com o general Romeu Costa Ribeiro Bastos. Em seu discurso ao assumir a presidência interina em 2014, destacou: “A ampliação da participação das mulheres nos espaços públicos e privados é condição para o aperfeiçoamento da cidadania. Afinal, uma democracia sem mulheres é uma democracia incompleta”.
Com sua eleição, Maria Elizabeth reafirma seu papel como símbolo de avanço e inclusão, não apenas no STM, mas em toda a sociedade.
Fonte:Correio Braziliense
Foto:Agenda do Poder
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