Presidente da França afirma que falou a Shinzo Abe que a forma da detenção em 2018 e os interrogatórios do ex-executivo da Renault-Nissan “não pareciam satisfatórios”. Carlos Ghosn tenta explicar sua fuga do Japão, em coletiva feita em Beirute
Mohamed Azakir/Reuters
O presidente da França, Emmanuel Macron, disse nesta quarta-feira (15) que havia conversado anteriormente com o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, sobre as condições em que o ex-chefe da aliança Renault-Nissan Carlos Ghosn estava sendo detido.
“Eu disse várias vezes ao (primeiro-ministro Shinzo) Abe que as condições da detenção e interrogatório de Carlos Ghosn não me pareciam satisfatórias”, disse Macron à agência de notícias Reuters.
Ghosn, que é nascido no Brasil e tem cidadania libanesa e francesa, disse na semana passada que foi tratado “brutalmente” pelos promotores de Tóquio e que foi vítima de uma conspiração da montadora japonesa para forçar sua saída.
Para o ex-executivo, a redução do desempenho da Nissan, no início de 2017, causou uma perseguição contra ele. E os japoneses desejavam mais autonomia.
“Alguns de meus amigos japoneses pensaram que a única maneira de se livrar da influência da Renault na Nissan era se livrar de mim”, disse o ex-executivo durante coletiva em Beirute no dia 8 de janeiro.
Em nota enviada pela Embaixada Geral do Japão no Brasil ao G1 no dia 9 de janeiro, a Ministra da Justiça, Masako Mori, já havia afirmado que os comentários do brasileiro sobre uma possível conspiração como “abstratos, obscuros ou sem fundamento”.
Mori completou que “não há como os promotores participarem de qualquer tipo de conspiração de qualquer grupo de interesse especifico e investigarem um assunto que não atingiu o limiar da investigação”.
Ghosn fugiu do Japão para o Líbano no final do mês passado, a fim de, segundo ele, limpar seu nome. Ele disse que não teria recebido um julgamento justo no Japão.
Embaixador francês teria avisado sobre ‘conspiração’
Carlos Ghosn afirmou que o embaixador da França o avisou pouco antes de sua prisão de que a montadora japonesa estaria tramando contra ele.
“Francamente, fiquei chocado com a prisão e a primeira coisa que pedi era para que se certificassem de que a Nissan soubesse para que me enviassem um advogado”, disse Ghosn à Reuters em entrevista na capital libanesa na terça-feira (14).
“No segundo dia, 24 horas antes disso, eu recebi uma visita do embaixador da França que me disse: ‘A Nissan está se voltando contra você’. E foi aí que percebi que era tudo uma conspiração.”
Veja a entrevista de Ghosn ao jornalista Roberto D’Ávila:
Carlos Ghosn fala sobre fuga e acusação de fraude fiscal
Relembre quem é Carlos Ghosn e os principais pontos da prisão
Arte/G1
Initial plugin text
Comentar