O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta quarta-feira (27/11), que pretende concluir o acordo entre o Mercosul e a União Europeia até o final deste ano, mesmo diante de objeções de parlamentares e empresários franceses. Durante a abertura do Encontro Nacional da Indústria (Enai), em Brasília, Lula rebateu críticas de um deputado francês que desqualificou os produtos agropecuários brasileiros e declarou:
“Eu quero que o agronegócio continue crescendo e causando raiva em deputado francês que achincalhou o produto brasileiro.”
Crise com o Carrefour e boicote no Brasil
A fala de Lula ocorre em meio a uma crise diplomática e comercial causada por declarações do CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard, que anunciou a suspensão da compra de carne do Mercosul para as lojas da rede na França. Como resposta, grandes frigoríficos brasileiros interromperam a venda de carnes para a rede Carrefour no Brasil, o que gerou desabastecimento nos supermercados da marca no país.
Após o boicote, o Carrefour voltou atrás em sua decisão, mas o episódio intensificou o embate entre os governos do Brasil e da França sobre o comércio de produtos agropecuários.
França x Mercosul: resistência ao acordo
A França, apoiada por setores agrícolas locais, lidera a oposição ao acordo Mercosul-UE, preocupada com a concorrência do agronegócio brasileiro. Um deputado francês chegou a chamar a carne brasileira de “lixo”, alegando que o produto não atende aos padrões europeus. No entanto, Lula rebateu, ressaltando que a carne brasileira é exportada para diversos países da União Europeia, com aprovação sanitária.
“Se os franceses não quiserem fazer o acordo, eles não apitam mais nada. Quem apita é a Comissão Europeia. E a Ursula von der Leyen tem procuração para fazer o acordo, e a gente vai assinar neste ano para tirar isso da minha pauta”, afirmou o presidente.
Acordo Mercosul-UE: 22 anos de negociações
O acordo, em negociação há mais de duas décadas, visa ampliar o comércio entre os blocos, mas enfrenta resistência de países europeus, como França e Bélgica, preocupados com impactos na agricultura local. Para Lula, concluir o acordo é uma prioridade histórica, que vai além de interesses financeiros.
“Eu estou há 22 anos nisso”, ressaltou Lula, destacando sua longa luta para alcançar o consenso entre os blocos.
Encontro Nacional da Indústria
O Enai, evento organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), contou com a presença de lideranças políticas e empresariais, incluindo o vice-presidente Geraldo Alckmin e o presidente do CNI, Ricardo Alban. O evento debate os desafios e oportunidades da indústria brasileira, com destaque para o comércio internacional e o fortalecimento do setor produtivo.
Resumo
Lula reforçou sua determinação em assinar o acordo Mercosul-UE ainda em 2024, mesmo enfrentando resistência da França. A crise com o Carrefour evidenciou tensões comerciais, mas também gerou solidariedade entre produtores brasileiros, que boicotaram a rede. O acordo é considerado estratégico para o Brasil, e Lula aposta em avanços nas negociações para consolidar o papel do agronegócio no mercado global.
Fonte:Correio Braziliense
Foto:UOL Notícias
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