Durante a Cúpula do Mercosul em Montevidéu, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou as conquistas obtidas pelo Brasil no acordo entre Mercosul e União Europeia, firmado nesta sexta-feira (6). Lula afirmou que o governo herdou, de 2019, um acordo em “condições inaceitáveis” e que ajustes foram feitos para atender às prioridades do bloco sul-americano.
“O acordo que finalizamos hoje é bem diferente daquele anunciado em 2019. As condições que herdamos eram inaceitáveis. Foi preciso incorporar ao texto temas de relevância para o Mercosul. Conseguimos preservar nossos interesses em compras governamentais, o que nos permite implementar políticas públicas em áreas como saúde, agricultura familiar, ciência e tecnologia”, afirmou Lula.
Avanços em compras governamentais
Uma das principais vitórias do Brasil foi a retirada do Sistema Único de Saúde (SUS) do escopo do acordo, garantindo que as licitações na área da saúde continuem privilegiando fornecedores nacionais. Essa exclusão evita que as empresas europeias concorram em igualdade com as indústrias locais, preservando a política de incentivo à produção interna.
O Mercosul também conseguiu eliminar as obrigações de abrir integralmente as compras governamentais para empresas europeias, defendendo que esse instrumento é essencial para a nova política industrial brasileira.
Impacto do acordo
O tratado, negociado desde 1999, prevê uma redução gradual das tarifas de importação para mais de 90% dos bens comercializados entre os blocos. O objetivo é facilitar o comércio e fortalecer as relações econômicas entre os países, que representam um mercado de 700 milhões de pessoas e um PIB combinado de US$ 22 trilhões.
A exclusão do SUS e a proteção das compras governamentais são vistas como conquistas estratégicas para o Brasil. Segundo Lula, essas medidas garantem que o país mantenha autonomia na implementação de políticas públicas essenciais.
Acordo ajustado para as demandas do Mercosul
Os ajustes ao acordo refletem uma abordagem mais equilibrada entre as partes, segundo o governo brasileiro. “Preservamos nossos interesses e criamos condições para estimular o desenvolvimento sustentável e a integração regional”, declarou Lula.
O tratado ainda precisa ser ratificado pelos países-membros do Mercosul e da União Europeia para entrar em vigor. A proposta promete ampliar o comércio e atrair investimentos, mas o desafio será garantir que as condições acordadas sejam cumpridas de forma justa e equilibrada.
Fonte:CNN Brasil
Foto:UOL Notícias
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