Entrevista Leila Barros
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LEILA BARROS – Das quadras do mundo para as cadeiras da política

 

Leila Barros (PSB) começou sua carreira no vôlei em Brasília, rodou o mundo como atleta e depois de retornar à cidade foi eleita senadora no Distrito Federal

 

Apesar de ser candanga de berço, Leila pisou os pés no Lago Sul, região nobre da capital federal, apenas quando tinha dez anos de idade. Foi aí que percebeu que dentro da sociedade existem abismos. A partir daí, seguiu sua vida e carreira lutando contra desigualdade e discriminação.

Nascida em Taguatinga, foi lá que passou boa parte da sua infância e onde começou a praticar o esporte que fez com que rodasse o mundo. Pelas ruas da cidade, deu os seus primeiros saques.

Ainda nova, seu talento para o vôlei já começava a dar frutos. Por ser atleta, acabou conseguindo uma bolsa de estudos em uma escola particular no Plano Piloto. A partir daí, teve contato com a diferença de realidades. Grande parte de seus colegas eram filhos de militares, políticos e servidores públicos. Ao ver a dificuldade da jovem em voltar para Taguatinga, muitas vezes a convidavam para almoçar em suas casas.

Geralmente, moravam em áreas nobres da cidade, como o Lago Sul. Leila, que não era daquele mundo, começou a sentir.  “Isso era uma coisa que me deixava um pouco triste, essas diferenças sociais, que eu sentia na pele”.

Aos 17 anos, fez uma peneira e foi aprovada para fazer parte de um dos maiores times de vôlei do país, o Minas Tênis Clube, de Belo Horizonte. Porém, mesmo que a carreira da jovem estivesse dando sinais de sucesso, ainda sentia a discriminação na pele.

Se hoje o esporte é visto como um meio de cidadania e educação, anos atrás a história era diferente.

“Pensa. A primeira filha, nos anos 80, quando um pai fazia uma reunião de família, falar que queria ser jogadora da seleção brasileira de vôlei enquanto os outros diziam que queriam ser professores, policiais. Eu vivi na pele essa questão da discriminação, das diferenças. Desde pequena tive que lutar por espaço. Na seleção, por ser a mais baixa, por exemplo. Isso acabou me fortalecendo para trabalhar em outros setores”, relembra.

Nas quadras, vestiu a camisa da seleção nacional por 18 anos, participando de três olimpíadas das quais foi medalhista duas vezes. Além disso, defendeu e conquistou títulos nacionais em diversos clubes brasileiros.

Por ter convivido a vida toda com as diferenças e desigualdade, depois do fim da carreira, a atleta retornou para Brasília decidida que era preciso fazer algo. Desse desejo, nasceu um projeto ligado ao terceiro setor, que atendeu mais de 50 mil pessoas, entre crianças, jovens e adultos, oferecendo esportes, capacitação profissional e educação.

A partir deste trabalho, a ex-jogadora de vôlei começou a conviver com o meio político pelas parcerias que realizava, o que acabou despertando nela a vontade de ir ainda mais longe. Dessa vez, trabalhando como representante do povo.

“Fui me apaixonando pela questão social da cidade, pela realidade dos jovens e das crianças. Eu me sentia na obrigação de dar a minha contribuição, e minha mãe me cobrava muito isso. ‘Leila, você tem que devolver pra outros, dar oportunidade para outros como você teve’. E realmente, eu fui uma pessoa iluminada, tive a ajuda de muitas pessoas, mas nem todos tem essa oportunidade. Foi por isso que me apaixonei por política. Quando você percebe que você pode ter o poder na caneta, de mudar vidas, transformar vidas”.

Nas eleições de 2018, foi eleita para o Senado Federal, sendo a primeira senadora mulher eleita no Distrito Federal, com 467.787 votos.

 

Assista a entrevista na íntegra no nosso canal oficial no Youtube: Voz de Brasília TV.

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