Em escalada desde dezembro, indicador acumulado em 12 meses atingiu, em julho, o maior patamar desde junho de 2014. Serviços relacionados ao turismo são os mais impactados pela alta de preços. Passageiros lotam Aeroporto Internacional de Viracopos após falha em radar afetar voos em Campinas em 19 de maio de 2022
Paulo Gonçalves/EPTV
Por um lado, o Brasil teve, em julho, a deflação mensal mais intensa em mais de 40 anos – mas, por outro, havia 12 anos que o país não registrava uma inflação acumulada tão alta sobre os serviços.
É o que apontam os dados divulgados nesta terça-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que sugerem haver relevante efeito de demanda pressionando a alta de preços na prestação de serviços.
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Enquanto o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado o indicador oficial da inflação, teve variação negativa na passagem de junho para julho (-0,68%, a menor taxa mensal desde 1980), o índice calculado especificamente para os principais serviços prestados no país teve alta de 0,80% na mesma comparação.
A taxa é menor que os 0,90% registrados em junho. Mas a desaceleração não foi capaz de frear a alta do indicador no acumulado em 12 meses, que chegou a 8,87% – taxa mais alta registrada pelo IBGE desde junho de 2014.
“A demanda tem pressionado muito a alta de preços dos serviços, principalmente daqueles relacionados ao turismo. Isso, claramente, está relacionado à retomada do consumo das famílias”, apontou o gerente da Coordenação Índices de Preços do IBGE, Pedro Kislanov.
Passagens aéreas puxam trajetória de alta
O pesquisador destacou que, desde dezembro do ano passado, o IPCA acumulado em 12 meses sobre os serviços mantém trajetória de crescimento. A maior pressão sobre esta escalada do indicador, segundo ele, vem das passagens aéreas, que é o serviço individual de maior peso sobre a inflação do país.
A inflação das passagens aéreas desacelerou de 11,32% em junho para 8,02% em julho. Em 12 meses, no entanto, acumula alta de 77,68%, a mais alta entre os serviços pesquisados pelo IBGE.
Transporte por aplicativo é o serviço com a segunda maior taxa acumulada em 12 meses, de 49,78%. Sua variação mensal, porém, teve movimento contrário ao das passagens aéreas – depois de ter registrado deflação de 2,01% em junho, acelerou para uma alta de 0,72% no mês passado.
A maior variação de preços entre os serviços na passagem de junho para julho foi a de aluguel de carros, que chegou a 13,39% depois de ter tido deflação de 2,44% no mês anterior.
Dentre os principais serviços pesquisados pelo IBGE, três tiveram deflação na passagem de junho para julho. A mais relevante foi no preço médio dos serviços de despachante (-2,24%), segunda variação negativa seguida, já que em junho havia recuado 1,53%. Os outros dois serviços com deflação no mês foram estacionamento (-0,78%) e pintura de veículo (-0,67%).
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