Após sofrer com a alta dos preços, principalmente, dos medicamentos em abril, grupo com menor renda enfrentou maior peso no bolso na hora de pagar pela energia elétrica em maio. Pelo segundo mês seguido a inflação das famílias mais pobres é maior que a das famílias de renda mais alta, aponta o indicador “Inflação por faixa de renda”, divulgado nesta segunda-feira (14) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
A pressão maior dos preços para os mais pobres não é um movimento único desses meses: o índice acumulado em 12 meses também é maior.
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Em maio, a maior taxa de inflação ocorreu entre as famílias de renda muito baixa – com renda domiciliar menor que R$ 1.650,50 –, que registraram alta de 0,92%, ante variação de 0,49% das famílias de renda alta – renda domiciliar acima de R$ 16.509,66.
A alta também foi mais expressiva nas famílias de renda baixa – rendimento domiciliar entre R$ 1.650,50 e R$ 2.471,09 –, com 0,88%, e nas famílias de renda média baixa – entre R$ 2.471,09 e R$ 4.127,41 de renda domiciliar –, com variação de 0,86%.
“As famílias de renda mais baixa têm inflação maior pelo segundo mês seguido. Só que por motivos diferentes. Em abril, o foco foi medicamentos. E em maio o foco foi energia elétrica”, explica a economista Maria Andréia Parente, técnica do Ipea responsável pela pesquisa.
Quase metade da alta da inflação (46%) para os mais pobres em maio veio do grupo habitação, com impacto de 0,42 ponto percentual da taxa de 0,92%. As principais pressões vieram de energia elétrica (5,4%), tarifa de água e esgoto (1,6%), gás de botijão (1,2%) e gás encanado (4,6%).
Com a alta maior em maio, a inflação acumulada em 12 meses das famílias mais pobres (8,91%) se distanciou ainda mais das famílias mais ricas (6,33%).
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A diferença entre os dois extremos era próxima em 2019, mas foi ampliada em 2020 por causa de dois fatores. De um lado, os preços de alimentos que subiram e pesam mais sobre os mais pobres. Do outro, os de serviços desaceleraram e são itens que têm peso maior no orçamento dos mais ricos.
Em maio, todas as faixas de renda tiveram aceleração na alta dos preços. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – usado como base para o cálculo do Ipea da inflação por faixa de renda – acelerou de 0,31% em abril para 0,83% em maio. Nas famílias de renda muito baixa, a taxa passou de 0,45% para 0,92%. Entre os mais ricos, o resultado passou de 0,23% para 0,49%.
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