Alagoas, Amazonas, Paraná, Ceará, Santa Catarina, Bahia, Rondônia, Roraima, Acre e Rio Grande Sul têm manifestações nesta quarta. : Protesto em São José dos Pinhais, no Paraná
PRF/Divulgação
Indígenas de ao menos 7 estados do Brasil protestam nesta quarta-feira (30) contra o projeto de lei 490, que dificulta a demarcação de terras. Além disso, também está previsto o julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a ação de reintegração de posse movida pelo governo de Santa Catarina contra o povo Xokleng, referente à TI Ibirama-La Klãnõ. A decisão pode ser usada como referência para outros casos no Brasil.
Xokleng: o povo indígena quase dizimado em Santa Catarina que protagoniza caso histórico no STF
Por que os indígenas protestam? Entenda o PL 490, projeto que muda a demarcação de terras
Veja os estados onde os indígenas já estão reunidos:
Alagoas
Indígenas da aldeia Wassu Cocal voltaram a protestar e interditaram os dois sentidos da BR-101 por volta das 9h. Ao meio-dia, o tráfego de veículos continuava bloqueado.
Com cartazes e embalados pelo Toré, dança ritualística, os indígenas fizeram um protesto pacífico. O objetivo é chamar atenção para a pauta nacional, já que as manifestações vêm acontecendo em vários estados brasileiros ao longo das últimas semanas.
Indígenas bloqueiam a BR-101, em Joaquim Gomes, em mais um protesto contra PL 490/2007
Amazonas
Indígenas fizeram uma manifestação na manhã desta quarta-feira (30), em Manaus. O ato aconteceu em frente à Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) e contou com a participação de indígenas que vivem na capital e também no interior do estado. Um grupo de Autazes participou da manifestação.
Para a cacique Yawaratsuni Kokama, da etnia kokama, e residente do Monte Horebe, em Manaus, os indígenas estão sendo tratados como invasores de terras.
“Pedimos que não seja votado o PL 490. Nós não aceitamos. O presidente quer tirar um direito que é nosso há 500 anos. E ele queria tirar isso e entregar para grileiros” – Yawaratsuni Kokama, da etnia kokama
Manifestantes protestam contra projeto de lei que muda demarcação de terras indígenas em Manaus
Matheus Castro/G1
Acre
Indígenas de pelo menos quatro etnias do Acre fecharam a ponte que dá acesso a cidade de Feijó, no interior do estado. Eles se reúnem em apoio às lideranças que estão reunidas em Brasília também em protesto, segundo informou Ninawá Inu Huni kui, presidente Federação do Povo Huni kui do Acre (Fephac).
“Estamos com aproximadamente 200 lideranças de 20 aldeias de Feijó. Nosso protesto é em apoio a liderança nacional que está se mobilizando, em Brasília, em repúdio a votação do marco temporal, que é um projeto de lei com 19 pontos de demarcação de terras indígenas e anula todo processo de demarcação de terras de 1988 para cá'”, disse.
Bahia
Um grupo de indígenas da etnia tupinambá interditou um trecho da BA-001, que faz ligação entre a cidade de Ilhéus e o bairro Olivença, no sul da Bahia, durante a manhã desta quarta-feira.
Membros da tribo tupinambá protestam na BA-001, entre as cidades de Ilhéus e Olivença
Divulgação/Cival Tupinambá
Na segunda-feira (28), indígenas da etnia Hãe-Hãe-Hãe, de Itaju do Colônia, já haviam fechado os dois sentidos da BR-415. No dia 17 de junho, um grupo da mesma etnia ocupou a sede Fundação Nacional do Índio (Funai), em Porto Seguro, no extremo sul da Bahia.
Ceará
Indígenas protestaram nesta quarta-feira (30) um trecho da BR-222, no município de Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza.
De acordo com a Polícia Rodoviária Federal do Ceará (PRF-CE), o protesto começou por volta das 8h, no quilômetro 18 da rodovia. Ainda segundo a polícia, o movimento acontece de forma pacífica e agentes da PRF-CE estão no local para garantir a segurança de todos e a fluidez do trânsito.
Distrito Federal
Indígenas protestaram em frente ao STF, em Brasília, contra o chamado “marco temporal” para demarcações, defendido por ruralistas.
A tese prevê que indígenas só poderão reivindicar terras ocupadas pelas comunidades até 1988, data da promulgação da Constituição. O grupo estava concentrado na Praça dos Três Poderes.
Em frente ao STF, o grupo cantou e tocou canções tradicionais e segurou cartazes como “a nossa história não começa em 1988”.
Santa Catarina
Indígenas realizaram protestos em três regiões de Santa Catarina.
Em Florianópolis, indígenas Kaingang fecharam o Túnel Antonieta de Barros por volta das 10h. Os participantes chegaram a ocupar todas as faixas da SC-401 por alguns momentos, mas depois permaneceram em uma das faixas liberando o trânsito.
Protesto de indígenas na BR-101 em Araquari na manhã desta quarta-feira
Arildo Palermo/ NSC TV
Em Palhoça, um trecho da BR-101, no Morro dos Cavalos, foi bloqueada nos dois sentidos por conta da manifestação de outro grupo de indígenas. Outro grupo interditou a BR-101, em Araquari, no Norte catarinense. O ato bloqueou inicialmente a marginal da rodovia na altura do Km 64, perto da aldeia Tarumã. Depois, os indígenas fecharam as pistas principais.
Paraná
No Paraná, indígenas realizaram protestos São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, em Chopinzinho, no sudoeste, e em Jataizinho, na região norte do estado.
Em São José dos Pinhais, a manifestação interditou as duas pistas da BR-277, no km 62, próximo a praça de pedágio. Em Chopinzinho, cerca de 70 índios bloquearam o trecho da na BR-373, no km 459. Segundo a PRF, o trânsito tem sido liberado a cada 20 minutos.
No norte do Paraná, a manifestação se concentrou na praça de pedágio de Jataizinho. O protesto liberou as cancelas de pedágio, e o trânsito seguiu normalmente.
Rio Grande do Sul
Em Porto Alegre, os grupos se concentraram na Rua Borges de Medeiros, com faixas e cartazes contra o presidente Jair Bolsonaro e contrários à PL 490.
Manifestações também pediam “greve geral para derrubar Bolsonaro e Mourão”.
Mais cedo, indígenas bloquearam duas rodovias na Região Norte do estado. No km 257 da BR-285 em Água Santa, e no km 11, da BR-386, em Iraí. A manifestação em Águas Claras encerrou por volta das 17h, segundo a Polícia Rodoviária Federal.
Manifestação contra o PL 490 nesta quarta-feira em Porto Alegre
Caroline Oliveira / RBS TV
Rondônia
Indígenas e entidades realizaram um protesto na Praça das 3 Caixas D’Água, na região central e histórica de Porto Velho. O ato em Porto Velho foi organizado pela Juventude Indígena de Rondônia, com representantes de algumas etnias, como Suruí e Uru-Eu-Wau-Wau.
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e a Kanindé também participaram da manifestação.
À Rede Amazônica, a Kanindé informou que de 28 áreas indígenas, 21 estão demarcadas. Cinco delas foram feitas depois da promulgação da Constituição de 1988, incluindo a Karipuna, que é uma uma das Terras Indígenas mais invadidas.
Roraima
Indígenas protestam nas BRs 174, sentido Pacaraima, e 432, no Cantá, ambos ao Norte do estado.
Com o protesto, manifestantes bloquearam o Km 666, próximo à comunidade do Sabiá, Terra Indígena São Marcos, em Pacaraima, e um trecho da BR-432, próximo a comunidade indígena Tabalascada, no Cantá. De acordo com o Conselho Indígena de Roraima (CIR).
Indígenas protestam contra o marco temporal em Roraima
CIR/Divulgação
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