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'Humanos artificiais' são aposta de empresa para o futuro da interação entre pessoas e tecnologia

Neon, projeto de apenas 4 meses apoiado pela Samsung, apresentou tecnologia de assistentes virtuais que se pareçam e se comportam como humanos. Assistentes virtuais da Neon, exibidos na CES
Thiago Lavado/G1
A maneira como lidamos com os assistentes de voz baseados em inteligência artificial hoje é muito diferente daquela prevista por filmes nos últimos anos, que até já romantizaram a relação entre homem e máquina.
As opções disponíveis, criadas por gigantes como Google, Amazon e Apple, ainda são limitadas e bastante robóticas em termos de interação, apesar dos avanços recentes.
É isso que a Neon, um projeto vinculado ao grupo Star Labs, apoiado pela Samsung, quer mudar. Com apenas 4 meses de operação, eles vieram à Consumer Electronic Show (CES), a feira de tecnologia em Las Vegas, para apresentar o “humano artificial”.
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A ideia por trás da Neon é fornecer uma interface mais humana para nossas interações com a tecnologia — uma que tenha expressões genuínas, consiga demonstrar emoções e até reagir a determinadas situações, como uma sala de conferência cheia de gente, por exemplo.
Assistentes virtuais da Neon, exibidos na CES
Thiago Lavado/G1
O próprio nome Neon é uma espécie de acrônimo para “Neo humaN”, ou novos humanos.
De acordo com Pranav Mistry, diretor do projeto e do Star Labs, por enquanto o Neon ainda não tem um cérebro, ou seja, não pode responder perguntas, interagir em uma conversa, lembrar de uma pessoa. A tecnologia é baseada em análise de vídeo e modelagem para criar uma simulação com feições que uma pessoa teria.
“A voz e a inteligência poderiam vir de empresas parceiras. Nós temos o poder do tempo real”, disse Mistry durante uma apresentação.
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Embora o projeto seja recente, a Neon trabalha desde 2018 na elaboração de um algoritmo de renderização, chamado de Core R3. O conjunto “R3” é para realidade, tempo real (real time) e resposta, características que a equipe julga serem fundamentais para que um “humano artificial” possa se aproximar o máximo possível das interações que temos com outras pessoas.
Se os “humanos virtuais” apresentados pela Neon parecem pessoas de verdade é porque foram baseadas em pessoas que são de verdade. A empresa escaneou rostos e reações de gente que existe para alimentar o algoritmo neural, que agora deve ser capaz de replicar milhões de expressões e emoções — e também de construir novos rostos.
Neon usou figuras humanas reais para criar assistentes virtuais
Thiago Lavado/G1
Tudo isso em teoria, já que nas imagens apresentadas pela empresa, há um conjunto de letras pequenas que diz que os cenários são somente para fins ilustrativos.
Apesar disso, a empresa demonstrou que pode controlar expressões dos modelos artificiais com facilidade e precisão, como fechar o olhos apenas parcialmente, ter diferentes tipos de sorriso ou erguer as sobrancelhas de diferentes maneiras.
Milhões de gestos
Segundo a neurocientista Angie Chiang, que faz parte do projeto, a parte mais difícil é fazer com que a tecnologia aprenda comportamentos. “Eu não tenho um único sorriso, amanhã eu posso não dizer ‘oi’ pra você da mesma maneira”, disse.
Durante a apresentação, foi mostrado um mapa de conexões, que mostrava as milhões de opções de interações geradas pelo algoritmo.
Para Chiang, é possível mudar a maneira como nos comunicamos atualmente com assistentes pessoais — geralmente para tarefas mais mecânicas como checar como está o tempo ou definir um alarme.
Chiang afirma que existem várias aplicações que a empresa considera para a plataforma, em ramos como hotelaria, medicina, cuidado de idosos, atendimento a clientes.
“Imagine como seria ir a um café com uma atendente virtual que tenha memória e interaja de forma mais humana, ao ponto de ela dizer ‘ei, Angie, você vai querer o mesmo café de sempre hoje?’”, disse Chiang.
No entanto, nada é concreto ainda e é improvável que vejamos um assistente virtual tão parecido e com feições humanas tão cedo.
Como funciona
A tecnologia analisa feições de diversas pessoas para criar um modelo virtual que tenha características de uma pessoa, como expressões humanas. É diferente de ferramentas de edição, que manipulam o rosto de pessoas para criar novas expressões, de acordo com a empresa.
Ela pode ainda ser integrada a outras plataformas para que fale outros idiomas ou tenha aplicações específicas, por exemplo.
A Neon também tem planos para o futuro: um outro projeto, chamado de Spectra. Essa outra plataforma deve adicionar uma nova camada à tecnologia, o que permitiria incluir emoções, memória, aprendizado e inteligência — justamente os traços que definem nossa interação com outras pessoas.
A Neon espera que no futuro, quando você tente falar com um assistente, em vez de dizer “ei, Neon”, chame ele por um nome. Um nome de gente: como Frank, Mônica, Maia ou Natasha.

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