Ministro da Economia deu a declaração durante audiência pública promovida por comissão do Congresso. Segundo ele, Febraban financiou ‘estudo’ e ‘ministro fura-teto’ para desestabilizá-lo. O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta quinta-feira (29) que a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) é uma “casa de lobby” e que a instituição agiu para derrubá-lo.
O lobby é exercido por grupos de interesse junto a agentes públicos com o objetivo de tentar influenciar na aprovação de projetos ou atender a demandas de um determinado setor. A prática é bastante comum nos órgãos públicos.
As declarações foram dadas durante audiência pública na comissão mista do Congresso que acompanha as medidas de enfrentamento à Covid-19.
O G1 entrou em contato com a Febraban e aguardava resposta até a última atualização dessa reportagem.
Guedes fez a acusação contra a Febraban no momento em que falava sobre a proposta de criação de um imposto sobre transações financeiras realizadas por meio digital, em estudo pela área econômica.
Paulo Guedes defende imposto digital, mas volta atrás: ‘Imposto está morto’
O ministro é a favor do novo imposto, que ele chamou de “digitax”, e que, segundo ele, irá compensar a redução de outros tributos que hoje oneram as empresas.
A proposta vem sendo comparada à antiga CPMF, que incidia sobre transações financeiras, e sofre resistências no Congresso. O próprio presidente da Febraban, Isaac Sidney, criticou, em agosto, a possibilidade de recriação da CPMF, que ele chamou de ” tributo regressivo, na contramão dos outros países.”
“A Febraban é uma casa de ‘lobby’, muito justo o lobby, mas está escrito assim na testa: ‘lobby bancário’, para todo mundo entender do que se trata. Inclusive financiando estudos que não têm nada a ver com a atividade de defesa das transações bancárias, financiando ministro gastador para ver se fura teto, para ver se derruba o outro lado. Tem que falar a verdade”, disse Guedes.
Ministro fura-teto
Guedes não citou qual ministro, e nem qual estudo, a Febraban estaria financiando com o objetivo de desestabilizá-lo.
Recentemente, porém, o titular da Economia se envolveu em um embate público com o colega Rogério Marinho, ministro do Desenvolvimento Regional. Em um episódio, após uma reportagem revelar que Marinho o havia criticado durante uma reunião com investidores, Guedes afirmou a jornalistas que, se aquilo fosse verdade, Marinho seria “despreparado”, “desleal” e “fura-teto”.
Fura-teto é como Guedes se refere a quem defende, dentro do governo, a adoção de medidas para driblar a regra do teto de gastos, que limita o aumento das despesas públicas, para garantir mais recursos para investimentos no ano que vem.
O ministro da Economia tem atuado dentro do governo para que a regra do teto de gastos seja respeitada. Em agosto, após notícias de que o ministro Rogério Marinho era um defensor da flexibilização da regra do teto, o ministro da Economia conseguiu que o presidente Jair Bolsonaro se manifestasse publicamente a favor da regra e manifestasse o compromisso de que o governo respeitará o teto de gastos.
Nesta quinta, enquanto Guedes participava da audiência, Marinho acompanhava o presidente Jair Bolsonaro em viagem ao Maranhão. Em discurso, Bolsonaro fez elogios a ele.
“Ninguém viu um ministro do Desenvolvimento Regional [melhor] do que Rogério Marinho, o homem que vive pelo Brasil todo, mas em especial no Nordeste”, disse o presidente. “Onde mais necessita de obras, ele está presente. Ao Rogério Marinho, a minha solidariedade e meu muito obrigado pela confiança”, completou.
Guedes diz que, se Marinho falou mal dele, é ‘despreparado’, ‘desleal’ e ‘fura-teto’
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