As calotas polares da Groenlândia perderam 532 bilhões de toneladas de gelo em 2019, um novo recorde para este gigantesco território ártico. Degelo na baía de Disko, na Groenlândia
Ian Joughin/Universidade de Washington
As calotas polares da Groenlândia perderam 532 bilhões de toneladas de gelo em 2019, um novo recorde para este gigantesco território ártico, o que ameaça acelerar a elevação do nível dos oceanos e o futuro de milhões de pessoas, segundo um novo estudo.
Este degelo, equivalente ao conteúdo de seis piscinas olímpicas por segundo, representou a principal fonte de elevação do nível do mar em 2019 – 1,4 milímetros, 40% do total –, de acordo com as conclusões dos pesquisadores, publicadas na quinta-feira (20) na revista “Communications Earth & Environment”.
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Esta perda é pelo menos 15% maior do que o último recorde registrado em 2012 e confirma uma tendência a longo prazo, alertam os autores do estudo.
Foto de sexta-feira (16) divulgada nesta terça (20) mostra grandes icebergs durante o amanhecer perto de Kulusuk, na Groenlândia. Os cientistas trabalham para tentar entender o derretimento assustadoramente rápido do gelo
Felipe Dana/AP
Além de 2019, “os outros quatro anos recorde foram registrados na última década”, explica à AFP o principal autor do estudo, Ingo Sasgen, glaciologista do centro Helmholtze de Pesquisa Polar e Marinha (Alemanha).
Na semana passada, outro estudo publicado na mesma revista já havia alertado sobre o degelo irremediável das calotas da Groenlândia, que continuaria “mesmo se a mudança climática fosse contida agora”, já que as nevadas não compensam mais as perdas.
Os relatórios alarmantes sobre esta ilha de dois milhões de km2 (quase 4 vezes a superfície da França), cercada por 75% do Oceano Ártico e coberta em 85% de gelo, se multiplicam há anos.
Na imagem, do dia 1º de agosto, rios de água derretendo se formam na camada de gelo no oeste da Groenlândia. A onda de calor que atingiu a Europa na semana passada está agora sobre a Groenlândia.
Caspar Haarløv, Into the Ice via AP
A região se aquece duas vezes mais rápido do que o restante do planeta. Nos anos 1980 e 1990, as calotas polares perdiam por volta de 450 gigatoneladas (450 bilhões de toneladas) de gelo por ano, mas eram substituídas pelas nevadas.
A partir dos anos 2000, o degelo acelerou, aumentando até 500 gigatoneladas anuais que não foram compensadas, segundo os autores do estudo publicado em 13 de agosto.
A menor frequência de nevadas, que também é uma consequência da mudança climática, reduz a cobertura das nuvens e, nos dias mais quentes, isso acelera o degelo.
Iceberg flutua em um fiorde próximo à cidade de Tasiilaq, na Groenlândia
Lucas Jackson/Reuters
No entanto, Ingo Sasgen considerou cedo demais para falar de um ponto sem reversão.
“Isso não significa que não seja importante tentar conter o aquecimento. Cada décimo de grau impedirá um pouco o aumento do nível do mar”, disse o pesquisador.
O degelo neste território provocou uma alta de 1,1 cm entre 1992 e 2018, calcularam os autores de um estudo publicado em dezembro passado na Nature.
Segundo o grupo de especialistas climáticos da ONU (IPCC), o nível do mar aumentou 15 cm no século XX.
Devido a este fenômeno, combinado com a mudança climática, em 2050 mais de um bilhão de pessoas que vivem em regiões costeiras estarão particularmente expostas a inundações e eventos climáticos extremos.
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