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Governo lançará mais medidas de crédito para pequenas e médias empresas, diz presidente do BC

Campos Neto cita possibilidade de medida provisória ser publicada ainda nesta quinta. Ele diz que o Pronampe, voltado a micro e pequenas firmas, ‘é bom, mas é pouco’. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quinta-feira (16) que o governo pretende anunciar novas medidas para facilitar o crédito para pequenas e médias empresas, de forma a reduzir o impacto da pandemia do novo coronavírus.
Em uma videoconferência, Campos Neto afirmou que uma medida provisória poderia ser editada ainda nesta quinta, com quatro novas medidas. Até a publicação da reportagem, o texto não havia sido publicado no “Diário Oficial da União”.
Segundo o presidente do BC, as medidas que já foram anunciadas são boas, mas insuficientes para suprir a demanda. Como exemplo, ele citou o Pronampe, voltado para micro e pequenas empresas e que já esgotou a capacidade de contratação autorizada.
“O Pronampe é bom, mas é pouco diante do que precisa ser feito. Em face disso fizemos um novo grupo de medidas. Uma MP deve sair hoje. São quatro medidas, todas direcionadas para pequenas e médias [empresas]. Entendemos que é uma medida que vai ter alcance muito bom, porque tem um componente importante de baratear o custo de capital dos bancos”, disse.
Campos Neto não detalhou quais seriam essas quatro medidas.
Flávia Oliveira: ‘Micro e pequenas empresas têm dificuldade de acesso ao crédito’
Pronampe esgotado
Com o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), citado pelo presidente do BC, o governo deu garantia para os empréstimos tomados por micro e pequenas empresas.
Todas as instituições financeiras públicas e privadas estavam aptas a operarem a linha de crédito. O programa tem R$ 15,9 bilhões disponíveis para garantir as operações financeiras.
As três instituições que aderiram até esta quinta – Caixa, Banco do Brasil e Itaú Unibanco – anunciaram no começo da semana que o limite do crédito garantido e liberado pelo Ministério da Economia já tinha sido atingido.
Ao comentar as dificuldades de acesso ao crédito por pequenas e médias empresas, Campos Neto disse que em muitos países optaram por fornecer crédito para essas empresas via transferência direta. Já no Brasil, segundo ele, a opção foi criar os programas de crédito, que enfrentam “dificuldade”.
“Entendemos que o crédito não chegou nas pequenas e médias como queríamos. Em outros lugares do mundo os bancos não fizeram essa função, foi mais feito por transferência direta. Aqui no Brasil a opção foi fazer transferência direta para pessoas físicas e compensar com os programas de crédito e o que aprendemos hoje é que existe uma dificuldade”.
Imposto sobre pagamentos digitais
Campos Neto também comentou a proposta do ministro Paulo Guedes de incluir na reforma tributária um novo imposto sobre pagamentos ou comércio eletrônico. Segundo ele, a ideia de dar essa contrapartida à desoneração na folha de pagamentos é “relevante”, e o Banco Central vai ajudar como puder.
“A gente no Brasil tem que olhar o que temos a ganhar e perder, entender porque ele [o imposto] tem que ser criado. Eu acho que a ideia do ministro de ter um instrumento para poder fazer uma desoneração de folha é relevante”, disse.
Campos Neto afirmou, no entanto, que a alíquota tem que ser muito pequena para não causar uma “desintermediação” financeira – ou seja, uma redução no número dessas transações eletrônicas por conta da taxação.
Crescimento econômico
Durante a sua apresentação, Campos Neto afirmou que tem visto um começo de volta do crescimento econômico do país em “V”. Segundo ele, os dados de confiança e os dados da economia real, como os de arrecadação e consumo de energia, mostram uma melhora econômica.
O “crescimento em V” citado por ele faz referência ao gráfico, e indicaria uma retomada rápida após uma queda rápida. Os economistas usam esse termo em comparação a outros formatos de gráfico, como crescimento “em U” (com recuperação mais lenta) ou “em L” (queda seguida de estagnação).
Campos Neto citou que, no último relatório de inflação, o BC havia estimado uma queda do Produto Interno Bruto (PIB) de 6,4% em 2020. Segundo o economista, o viés de melhora apontado naquele momento vem se confirmando.
“Nos parecia que, apesar de um número de 6,4%, existia um viés de melhor. Nessas últimas duas semanas, o viés está mais claro.”

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