Exoneração ocorre duas semanas após a realização da operação coordenada pelos fiscais Renê Luiz de Oliveira e Hugo Ferreira Netto Loss. MPF investiga exoneração do diretor de Proteção Ambiental do Ibama
O Ministério do Meio Ambiente e o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Eduardo Bim, exoneraram Renê Luiz de Oliveira e o coordenador de operação de fiscalização, Hugo Ferreira Netto Loss, responsável por operações contra crimes ambientais no Brasil. Os atos foram publicados no Diário Oficial na madrugada desta quinta-feira (30).
Em 22 de abril um grupo de 16 fiscais ambientais do Ibama encaminharam uma carta para a presidência do órgão pedindo a suspensão dos processos de exoneração de Renê Luiz e Hugo Ferreira.
Segundo funcionários do Ibama, os coordenadores foram ameaçados de exoneração do cargo após a exibição de uma reportagem no Fantástico da mega operação realizada pelo Instituto para fechar garimpos ilegais e proteger as aldeias de quatro terras indígenas no Sul do Pará: Apyterewa, Cachoeira Seca, Trincheira, Bacajá e Ituna Itatá.
Covid-19 chega às aldeias e operação tenta barrar novas invasões de terras indígenas
O diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Olivaldi Azevedo também foi exonerado do cargo em 14 de abril após exibição da reportagem. A exoneração foi assinada pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Segundo o ministério, a decisão foi tomada em comum acordo e, agora, o governo diz querer “melhorar” o combate ao desmatamento.
O analista ambiental Renê Oliveira atuava no Ibama há cerca de 15 anos. O PM Walter Mendes Magalhães Junior assumiu o cargo.
Procurado pelo G1, o Ministério do Meio Ambiente informou que “é prerrogativa do novo diretor compor a equipe com nomes capacitados e da sua confiança”.
Exoneração durante a pandemia
Em nota o Instituto Socioambiental (ISA) questiona as exonerações no Ibama, afirmando que não existia razão para demitir os fiscais “que diminuíram ou acabaram com o desmatamento” em Terras Indígenas. “Por que retirá-los no momento em que eles combatiam o garimpo nas Terras Indígenas?”, questiona o ISA.
O ISA informou ainda que a exoneração durante a pandemia da Covid-19 representa um risco maior de contaminação para os povos indígenas, já que os invasores são meios de transmissão da doença.
De acordo com um estudo de antropólogos e geógrafos liderados pela demógrafa Marta Azevedo, da Unicamp. Mais de 81 mil índios estão em situação de vulnerabilidade crítica –ou seja, correm alto risco de sucumbir caso a pandemia de Covid-19 chegue às suas regiões.
A exoneração ocorre duas semanas após as operações em terras indígenas. Procurado pelo G1, o Ibama não se manifestou até a publicação desta reportagem.
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