Objetivo é conter ‘boom’ de preços devido ao aquecimento do mercado imobiliário e uso de auxílio em reformas. Ministro disse que pode desonerar mais produtos para estimular economia. O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta quinta-feira (29), durante audiência pública por videoconferência de comissão do Congresso, que a equipe econômica estuda reduzir a tarifa de importação do material de construção, a exemplo do que já foi feito com arroz e óleo de soja.
De acordo com o ministro, o custo do material de construção subiu nos últimos meses devido aos juros baixos para aquisição da casa própria. Segundo ele, isso tem movimentado o mercado imobiliário. Além disso, afirmou, o auxílio emergencial vem sendo usado pela população para obras nas moradias, o que está “correto”, na visão do ministro
Nesse contexto, avaliou Guedes, a redução da tarifa de importação ajudará a conter o “boom” de alta nos preços do material de construção.
Guedes também disse que estuda reduzir o imposto sobre a importação de outros produtos com o objetivo de “estimular a retomada do crescimento”, mas não citou quais.
Preços do material de construção sobem por causa do dólar e alta procura
“Os preços subiram. Agora, esses preços vão trazer mais produção desses insumos. Tudo isso vai começar a entrar, e o que não entrar, vamos derrubar a tarifa de importação. Já estamos estudando quais tarifas de importação vão descer para estimular a retomada do crescimento”, afirmou à comissão do Congresso que faz o acompanhamento das medidas contra a Covid-19.
Na avaliação do ministro, a redução de tarifas de importação sobre o arroz surtiu efeito.
“Desde que liberamos a tarifa de importação, o arroz travou. Estava subindo, mas agora travou. Mais dois, três meses, começa a entrar a safra no Ano Novo, e vai ceder de novo. Estamos de olho nas tarifas da importação, mas sobretudo celebrando a retomada da economia”, afirmou.
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Pronampe
Questionado sobre a prorrogação do programa de crédito para micro e pequenas empresas, conhecido como Pronampe, em um momento que o governo avalia a terceira rodada de empréstimos, Guedes afirmou que a equipe econômica vai fazer uma “evolução institucional”.
E indicou que o governo pode propor a utilização de fundos públicos para direcionar recursos de forma permanente para o Pronampe. Atualmente, está em discussão no Congresso Nacional uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) sobre esses fundos.
“Vamos fazer uma evolução institucional. O que estiver funcionando bem e merecer, vamos tentar expandir a utilização (…) É dentro daquela ideia de utilizar recursos de fundos inúteis, parados, e jogar para cá”, declarou.
Segundo ele, poderiam ser eliminados até 20 “fundos inúteis” para que seja criada “uma criatura nova que se mostrou útil [Pronampe]”.
“Vamos reavaliar esses gastos e realocar cada vez melhor. Isso é feito não uma vez na vida. Chamado lá fora de “spending review”. E vamos caminhar juntos nisso”, concluiu.
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Autonomia do Banco Central
O ministro também defendeu a autonomia do Banco Central, que pode ser votada pelo Senado Federal no próximo mês, segundo indicação do presidente da Casa, Davi Alcolumbre.
“Autonomia do BC é um sonho que eu tenho há mais de 40 anos. Para despolitizar a moeda. Milhões de pessoas poupam, têm suas aposentadorias, tudo determinado naquela moeda. Se perde o controle do poder de compra, e começa a ter inflação, vêm essas discussões que temos há 30, 40 anos, de juros altos, indexadores. Tudo isso é pela falta da estabilidade do poder de compra”, disse.
Segundo Guedes, a autonomia do BC é um “capítulo decisivo da história brasileira” que representaria um “aperfeiçoamento institucional do país”.
Guedes lembrou que a Alemanha e outros países desenvolvidos, têm BCs autônomos. Isso evitaria, de acordo com o ministro, manipulação política da instituição por governantes.
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