Entidade afirmou que irá realizar uma reunião com filiados para decidir se aceita ou não as medidas oferecidas pelas companhias. Mercado aéreo brasileiro tem perspectiva de forte redução de demanda e problemas econômicos
Divulgação | BH Airport
As companhias aéreas de aviação Gol e Latam propuseram durante uma reunião com o Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) a redução dos salários dos funcionários para evitar a demissão em massa por conta da crise do novo coronavírus. As remunerações teriam corte de 70%.
De acordo com o SNA, a Gol sugeriu um acordo para garantir os empregos que vigoraria durante três meses (abril, maio e junho), com regime de escala de funcionários e desconto na remuneração. Em abril, a escala seria de no mínimo 16 folgas para cada funcionário com desconto de 30% na remuneração bruta. Em maio, 18 folgas e desconto de 40% e em junho, 20 folgas com redução de 50% da remuneração.
Em contrapartida, o sindicato quer mudar a proposta sobre licenças não remuneradas: a Gol quer três meses e o SNA, um. Procurada pelo G1, a companhia aérea ainda não se pronunciou sobre as propostas apresentadas ao sindicato.
A Latam, no relato do sindicato, apresentou aos tripulantes o projeto de uma licença não-remunerada voluntária, por um período mínimo de três meses, com manutenção de todos os benefícios.
Ao G1, a Latam não esclareceu se a proposta foi de reduzir salários em 70%. Disse que “está em negociação com os sindicatos da classe e tem se esforçado para a manutenção dos empregos. Uma das propostas apresentadas, por exemplo, é a implementação da licença não-remunerada”.
Proposta da Azul
O sindicato também disse que a Azul, com quem manteve reuniões, tem o plano de diminuir temporariamente o número de funcionários por meio de licenças não remuneradas.
A Azul confirma a proposta “em virtude da alta constante do dólar e das incertezas geradas pela propagação do coronavírus”. Disse que já há 600 pedidos de licença não remunerada já aprovados.
A companhia aérea também disse que “está implementando várias medidas para reduzir o custo fixo de suas operações, que representa em torno de 40% do total de custos e despesas operacionais”, como redução de salário de 25% dos membros do comitê executivo, suspensão de novas contratações, adiamento da remuneração referente à participação nos lucros e resultados de 2019, suspensão de viagens a trabalho e despesas discricionárias, estacionamento de aeronaves e suspensão de entregas de novos aviões.
O sindicato afirmou que realizará uma reunião com a categoria para decidir se aceita ou não as propostas apresentadas.
Crise à vista
Recentemente essas companhias anunciaram uma redução significativa nas operações nacionais e internacionais.
No dia 16 de março, o SNA encaminhou um edital para o Ministério da Economia com uma série de medidas para minimizar os impactos econômicos no setor:
Redução de PIS/Cofins sobre querosene e remoção desses tributos na venda de passagens aéreas;
Desoneração da folha de pagamento, preservando os empregos;
Isenção das tarifas de navegação aérea e redução das taxas aeroportuárias;
Linha de crédito para capital de giro, a exemplo do que já ocorre na China, em Singapura e na Colômbia.
Segundo estimativa da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) as companhias aéreas, muito afetadas pela pandemia de coronavírus, precisam de uma ajuda emergencial no mundo inteiro de pelo menos US$ 200 bilhões para se recuperar.
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