Voluntários do projeto encontraram dois filhotes de araras vermelhas, que agora já estão voando. Neste mês, eles acharam outros quatro filhotes de araras azuis. Filhotes de araras vermelhas, encontradas em setembro deste ano pelo Projeto Arara Azul. Agora, elas já estão voando
Instituto Arara Azul
Um ano depois dos incêndios no Pantanal mato-grossense, seis filhotes de araras foram encontradas, sendo duas vermelhas e quatro azuis, na fazenda São Francisco do Perigara, região conhecida internacionalmente como refúgio das araras, localizado em Barão de Melgaço, a 126 km de Cuiabá.
Os filhotes são monitorados pelos biólogos do Projeto Arara Azul, do Instituto Arara Azul, que promove a conservação ambiental por meio da preservação da vidas das araras que vivem livremente em seu ambiente natural.
Em setembro deste ano, o projeto localizou dois filhotes de araras vermelhas, que agora já estão voando. Neste mês, eles acharam outros quatro filhotes, mas de araras azuis. Além disso, também encontraram ovos sendo incubados, abrindo a possibilidade de novos filhotes a caminho.
No ano passado, a fazenda teve 92% do território incendiado durante as queimadas, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
A bióloga e presidente do Instituto Arara Azul, Neiva Guedes, 59 anos, disse que toda a equipe está alegre com a notícia dos filhotes. “Agora ficamos muito felizes e realizados porque agora tem seis filhotes, duas de araras vermelhas e outras quatro de araras azuis. As vermelhas já estão voando”, contou ao g1.
Biólogos monitoram ninhos de araras na fazenda de São Francisco do Perigara, em Barão de Melgaço, a 126 km de Cuiabá
Instituto Arara Azul
De acordo com Neiva, o projeto encontrou mais casais neste ano do que, em dezembro de 2020, logo depois do fogo que consumiu a região. Ela lembra que as chamas não devastaram a fazenda de forma homogênea, mas que sobraram partes verdes, com frutas e sementes, que auxiliaram na recuperação da flora de forma mais rápida.
“Fizemos acompanhamento na estação reprodutiva logo depois do fogo. Foi bem ruim, porque isso afetou cerca de 50% dos ninhos das araras na região”, disse.
Mesmo depois do fogo, elas não voltaram a dormir na sede da fazenda.
GIF – Pantanal, 1 ano depois: fotógrafo retrata resiliência após queimada histórica e impacto da seca
Ricardo Martins
A observação dos biólogos que foram visitar a região pela sexta vez desde as queimadas do ano passado, agora elas andam em grupos menores e mais espalhadas, porém, sempre seguindo o gado do campo.
Das 700 araras que havia até fevereiro. Agora, os biólogos contaram cerca de 400 araras circulando pela região.
A fazenda possui 45 ninhos, sendo 15 artificiais, que o projeto instalou depois das queimadas. E outros 30 são naturais. Nesses ninhos também encontraram outros animais se reproduzindo, como gavião-relógio, pato do mato e marreco.
Para chegar até alguns deles, conta Neiva, a equipe teve que usar um macacão de apicultor por causa das abelhas.
Sobre as ameaças que as araras enfrentam, Neiva explicou que é a escassez de alimentos o principal desafio, uma vez que a área começou a alagar, cobrindo os frutos que caem no chão e são fonte de alimento das araras.
“Isso fez com que um terço do grupo se dispersasse em fevereiro deste ano. Eles não voltaram. Nós entramos em contato com outras fazendas da região, mas não localizamos o grupo”, afirmou.
Apesar das dificuldades, Neiva expressa esperança. “Agora, com os novos filhotes e a possibilidade de mais ovos eclodirem e nascerem novas aves e de sobreviverem”, disse.
O trabalho do projeto também contou com apoio da Secretaria de Meio Ambiente (Sema).
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