Documento assinado pelo presidente Hélio Dias diz que paralisação ameaça questão social e econômica de São Miguel (RO). Unidade está fechada por decisão judicial. Frigorífico de São Miguel foi fechado por ordem judicial
Google Maps/Reprodução
A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Rondônia (Faperon) encaminhou um ofício para a JBS e autoridades de saúde solicitando o atendimento dos protocolos judiciais e a reabertura, de forma urgente, do frigorífico de São Miguel do Guaporé (RO). O receio da federação é um ‘colapso econômico’ no estado por causa da paralisação no abate de bovinos.
As atividades da JBS em São Miguel foram suspensas pela segunda vez através de decisão do Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região (TRT-14). O judiciário entendeu que devido os casos de Covid-19 subirem mais de 1.000% desde o final de maio na cidade (e centenas de casos serem em funcionários da JBS), a unidade deve ficar fechada.
Depois da interdição da unidade, o presidente da Faperon assinou um ofício e encaminhou à JBS solicitando a rápida adesão dos protocolos de segurança, apontados pela justiça, e que assim reabra o frigorífico urgentemente.
Segundo o presidente da Faperon, Hélio Dias de Souza, o frigorífico de São Miguel tem uma importância social e econômica para milhares de famílias “trabalhadoras e fornecedoras de matéria-prima”.
Com a interrupção no abate de centenas de bovinos, Hélio Dias também destaca o impacto financeiro que o setor produtivo pode sofrer.
“Na garantia da segurança dos postos de trabalho dos 850 funcionários [da JBS] e mais 4 mil produtores e pecuaristas da região que fornecem matéria-prima para o frigorífico de São Miguel, num total estimado de 270 mil bovinos abatidos por ano, a paralisação está causando sérios prejuízos econômicos, principalmente aos municípios de São Miguel, municípios vizinhos e ao estado”, diz o ofício da Faperon.
Ofício da Faperon encaminhado à JBS
Reprodução
Suspensão pela 2ª vez das atividades na JBS
O Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região (TRT-14) suspendeu, pela segunda vez, as atividades do frigorífico JBS em São Miguel do Guaporé (RO). A nova decisão diz que o fechamento do frigorífico busca “resguardar a vida e saúde dos trabalhadores e, por consequência, de todos os moradores da cidade”.
Segundo a nova decisão da desembargadora Maria Cesarineide de Souza Lima, o número de casos de coronavírus subiu mais de 1000% em São Miguel entre 26 de maio e 15 de junho, quando o número de infectados saltou de 46 para 558.
O pedido para suspender as atividades da JBS foi do Ministério Público do Trabalho (MPT), que desde maio alega uma possível disseminação do vírus nas dependências do frigorífico. A Justiça do Trabalho acatou o pedido e destacou:
“Está claro que o diferencial em São Miguel é a existência da planta da JBS, maior empregador da região. Sem querer adentrar, neste momento, acerca da culpabilidade da JBS na transmissão da doença, é fato que a atividade frigorífica contribui para a disseminação do vírus, pois a maior parte dos operários laboram em ambiente fechado, artificialmente frio”, diz.
Outro ponto determinante para a justiça suspender as atividades frigoríficas é quanto a rede pública e privada de saúde. Segundo o judiciário, a cidade não comporta atender tantos casos graves da doença e, com isso, os pacientes precisam se deslocar para a Cidade de Cacoal (RO), a 190 quilômetros de São Miguel.
Procurada pelo G1, a JBS disse ‘não comentar processos judiciais em andamento’.
Uma audiência na justiça do Trabalho está marcada para acontecer nesta quinta-feira (25) com a JBS e órgãos envolvidos na ação, como o MPT.
1ª interdição e reabertura da JBS
O frigorífico tinha sido fechado no dia 27 de maio, pela primeira vez, depois de uma infecção de Covid-19 em funcionários, mas o local foi reaberto em 5 de junho.
Em uma decisão judicial de maio, dias depois da 1ª interdição, o judiciário ordenou que a JBS só poderia retomar as atividades se seguisse uma série de medidas, como a testagem em massa de seus funcionários, a redução da quantidade de funcionários nos vestiário, o fornecimento de máscaras PFF2 no labor, entre outras medidas.
A JBS então alegou já estar atendendo os pedidos da justiça e, no dia 5 de junho, conseguiu liminar para reabrir o frigorífico de São Miguel do Guaporé.
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