A porção de terra fica próxima a Oodaaq, considerado até então o ponto mais setentrional. Com 30 metros de largura, a ilha é formada pelo acúmulo de sedimentos de geleiras e lama. VÍDEO: Expedição da Groenlândia descobre a ‘ilha mais ao norte do mundo’
Cientistas e exploradores da Groenlândia anunciaram nesta sexta-feira (27) terem descoberto a ilha mais ao norte do mundo. A porção de terra fica próxima a Oodaaq, considerado até então o ponto mais setentrional – ou boreal – do planeta.
“Não era nossa intenção descobrir uma nova ilha”, disse o explorador dinamarquês Morten Rasch à agência de notícias Reuters. “Só fomos lá para coletar amostras.”
Com 30 metros de largura, a pequena ilha apareceu por conta de uma movimentação na camada de gelo do ártico. Ela tem um pequeno pico de três metros de altura e é formada pelo acúmulo de lama e sedimentos que se desprenderam das geleiras.
Mapa apresenta a localização aproximada de Qeqertaq Avannarleq, a ilha mais ao norte do mundo
G1 Mundo
Descoberta por engano
Inicialmente, os cientistas pensaram ter chegado a Oodaaq – ilha que havia sido descoberta em 1978. Foi só mais tarde, ao verificar a localização exata, que eles perceberam que haviam visitado uma outra ilha, a 780 metros de distância, em direção noroeste.
Christiane Leister, uma das responsáveis por financiar a expedição, comemorou a descoberta e disse ter se sentido “como os exploradores do passado”, que pensavam ter chegado a um lugar, mas na verdade, encontraram um lugar “totalmente diferente”.
Os pesquisadores resolveram chamar a ilha de Qeqertaq Avannarleq, que significa “a ilha mais ao norte” no idioma local. Para se tornar parte da Groenlândia, ainda é preciso que o governo dinamarquês reconheça o território, o que poderá ser feito se a ilha continuar visível mesmo com a maré alta.
Christiane Leister, membro da expedição, em ilha mais ao norte do mundo
Julian Charriere/Reuters
Embora tenha sido exposta pelo deslocamento da camada de gelo, os cientistas disseram que o aparecimento da ilha não é uma consequência direta do aquecimento global, que tem reduzido a camada de gelo da Groenlândia.
No mês passado, uma onda de calor no ártico, com temperaturas de mais de 10 graus acima das esperadas para esta época do ano, desencadeou um episódio de derretimento maciço do manto de gelo que cobre o território.
Entre os dias 28 e 31 de julho, a calota polar derreteu cerca de 8 bilhões de toneladas por dia, o dobro da taxa média do verão, de acordo com dados do Portal Polar, uma ferramenta de modelagem administrada por institutos de pesquisa dinamarqueses.
Ilha mais ao norte do mundo descoberta próxima da Groenlândia
Julian Charriere/Reuters
Ilha pode desaparecer
Rene Forsberg, especialista em geofísica do Instituto Espacial Nacional da Dinamarca, disse à Reuters que Qeqertaq Avannarleq, neste momento, pode ser considerado o ponto de “terra mais ao norte do mundo”, mas que isso pode não ser definitivo.
“Ela atende aos critérios de uma ilha. Esta é atualmente a terra mais ao norte do mundo”, afirmou o cientista. “Mas essas pequenas ilhas vêm e vão.”
Ele explicou também que toda a área ao norte da Groenlândia é coberta por uma espessa camada de gelo polar – que pode chegar até 3 metros de altura durante o verão. Em 1978, quando Oodaaq foi descoberta, a camada de gelo chegava a alcançar os 4 metros.
Ilha apareceu após uma mudança na camada de gelo do Ártico
Julian Charriere/Reuters
Disputa pelo Ártico
A descoberta ocorre no momento em que as nações do Ártico – Estados Unidos, Rússia, Canadá, Dinamarca e Noruega – começam a disputar o controle da região.
Isso porque, com o derretimento de parte do Pólo Norte por conta das mudanças climáticas, novas rotas de navegação e áreas de pesca começam a surgir.
Várias expedições dos EUA, por exemplo, têm procurado novos territórios nas últimas décadas. Em 2007, uma ilha parecida com Qeqertaq Avannarleq foi encontrada por exploradores.
Ilha mais ao norte foi descoberta por expedição da Groenlândia
Julian Charriere/Reuters
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