Vice-presidente recebeu executivos de Bradesco, Itaú e Santander. Eles propuseram ao governo dez medidas para preservação ambiental e desenvolvimento sustentável. 3 maiores bancos privados do país apresentam plano para evitar desmatamento da Amazônia
Executivos dos três maiores bancos do país pediram nesta quarta-feira (22) ao vice-presidente Hamilton Mourão medidas contra o desmatamento e para o desenvolvimento sustentável na Amazônia.
Eles apresentaram a Mourão, presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal, uma lista com dez itens que consideram importantes para proteger a região.
Desde o mês passado, investidores, empresas, ex-ministros do Meio Ambiente e da Fazenda alertam o governo sobre o risco de perda de investimento estrangeiro no país em razão da política ambiental do governo Bolsonaro. Mourão lidera um esforço do governo para conter o desgaste da imagem do país nos temas ambientais.
“São temas que são transversais e estão exatamente dentro do escopo que o Conselho Nacional da Amazônia Legal está fazendo para poder avançar na questão da proteção, da preservação e principalmente do desenvolvimento sustentável”, disse Mourão.
Em reunião no gabinete do vice-presidente, Sergio Rial, presidente do Banco Santander; Octavio de Lazari Junior, presidente do Bradesco; e Claudia Politanski, vice-presidente executiva do Itaú, pediram que o governo busque o desmatamento zero no setor de carnes e a implantação do sistema informatizado de registro de regularização fundiária.
Veja os dez pontos apresentados pelos executivos:
Atuar visando o desmatamento zero no setor de carnes, reforçando diligências internas, apoiando a transição e articulando empresas e associações para a criação de um compromisso setorial;
Estimular as monoculturas sustentáveis (exemplos: cacau, açaí, castanha, óleo de palma) por meio de linhas de financiamento diferenciadas, entre outras ferramentas financeiras e não financeiras;
Estimular o desenvolvimento de infraestrutura de transporte (exemplo: hidroviário) com metas ambientais, em troca de condições diferenciadas (exemplo: funding, exigências e parceiros);
Viabilizar investimentos em infraestrutura básica para o desenvolvimento social, tais como: energia, internet, moradia, saneamento;
Fomentar projetos que visem o desenvolvimento econômico e a conservação por meio de ativos e instrumentos financeiros de lastro verde, como por exemplo: pagamento por serviços ambientais (PSA), CBIOs e créditos de carbono;
Incorporar os impactos das mudanças climáticas nas políticas de crédito e investimentos de longo prazo, além de dar transparência em nossos reportes;
Ampliar o alcance de negócios que promovam a inclusão e orientação financeira na região;
Articular e apoiar a implantação do sistema informatizado de registro de regularização fundiária;
Articular a criação de um fundo para atores e lideranças locais que trabalhem em projetos de desenvolvimento socioeconômico na região;
Atrair investimentos que promovam parcerias e o desenvolvimento de tecnologias que impulsionem a bioeconomia.
Mourão disse que pediu aos dirigentes que pensassem em formas de ajudar no financiamento de projetos no campo da bioeconomia.
Segundo o vice-presidente, os executivos não reclamaram de perda de investimentos por causa da imagem ambiental do Brasil.
Ele também afirmou que não foi tomada nenhuma decisão no sentido de os bancos apoiarem o governo em ações de preservação ambiental. Mas disse que propostas mais objetivas podem surgir nesta quinta-feira (23), quando Mourão se reunirá com a diretoria do Banco Santander em São Paulo.
Fundo Amazônia
O vice-presidente disse que o precisa apresentar resultados positivos no combate aos crimes ambientais para que as contribuições ao Fundo Amazônia sejam retomadas.
Segundo Mourão, essa foi uma demanda dos principais países doadores para o fundo, Noruega e Alemanha.
“Nós temos certeza de que vamos apresentar estes resultados no segundo semestre e, a partir daí, a gente coloca novamente em funcionamento o comitê do fundo e destrava os recursos”, afirmou.
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