Depois de 11 meses de negociações, as duas partes chegaram a um acordo sobre como deverá ser a relação após a saída do Reino Unido do bloco. Apoiador do Brexit levanta bandeira durante manifestação em Londres na quarta-feira (9)
Henry Nicholls/Reuters
A União Europeia e o Reino Unido finalizaram o acordo comercial nesta quinta-feira (24) que vai determinar como serão as relações após o Brexit, a saída do país do bloco.
O acordo precisa ser ratificado tanto pelos parlamentos dos 27 países da União Europeia como pelos britânicos.
As negociações para determinar os termos demoraram 11 meses. Nos últimos dias, a grande pendência foi a respeito da pesca em mares internacionais.
Além da questão da pescaria nos mares do Reino Unido, outro tema que dificultou um entendimento foram as garantias de que o Reino Unido não vai alterar suas regras ambientais ou de direito do trabalho e nem subsidiar suas empresas, o que daria a eles uma vantagem que as concorrentes do continente não têm.
As cláusulas vão permitir a continuidade do comércio entre as duas partes. “Finalmente conseguimos concordar. Foi um caminho longo e tortuoso. É um acordo justo e balanceado, e é a coisa certa e responsável a se fazer para ambos os lados”, disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em uma entrevista coletiva.
O acordo começa a valer no dia 1º de janeiro.
Os britânicos votaram para sair da União Europeia há quatro anos e meio. Formalmente, o Reino Unido já estava fora do bloco desde o dia 31 de janeiro, mas havia a previsão de um período de transição até o fim de 2020 em que o Reino Unido seguiu obedecendo as regras e regulamentações de comércio da União Europeia, assim como manteve as tarifas comerciais do bloco. Depois disso, passa a ser um “terceiro país”, mas um parceiro confiável, disse Von der Leyen.
Só foi possível chegar a um entendimento depois que Boris Johnson, o primeiro-ministro do Reino Unido, fez concessões e permitiu a pesca em mares do país.
Johnson publicou, em uma rede social, uma foto em que ele aparece com os braços levantados e os dizeres “o negócio está fechado”.
Acordo de paz com a Irlanda do Norte
Johnson prometeu manter os termos do acordo de 1998 que prevê que não haverá fronteiras formais entre a Irlanda (que não pertence ao Reino Unido) e a Irlanda do Norte (que faz parte do Reino Unido, apesar de estar na mesma ilha que e Irlanda).
Ele disse que o novo acordo vai estabilizar a relação do seu país com o bloco europeu: “Penso que o que temos é a base para uma nova amizade de longo prazo e parceria que basicamente estabiliza a relação”.
Segundo ele, é o fim de uma questão que atormentou a política do Reino Unido por décadas, e agora é a hora de o país ser realmente independente e aproveitar o máximo o momento.
Veja abaixo um vídeo sobre as negociações dos termos do acordo entre o Reino Unido e a União Europeia.
Brexit: negociador europeu lembra que há poucas horas para finalizar acordo comercial
Votações futuras
O Parlamento Europeu vai analisar os termos do acordo antes do fim do ano, disse David Sassoli, o presidente da Casa, em uma rede social. Veja abaixo o que ele afirmou:
“Eu dou as boas-vindas ao acordo sobre o futuro da relação entre a União Europeia e o Reino Unido. Ele pode ser, agora, a base de uma nova parceria. No entanto, a natureza de ‘último momento’ dos termos não permite um escrutínio apropriado pelo Parlamento Europeu antes do fim do ano. Agora, o Parlamento Europeu vai analisar os termos em detalhe antes de decidir se concordarmos com eles. Nós vamos agir de forma responsável para minimizar os problemas dos cidadãos e evitar um cenário de caos.”
O Parlamento britânico vai votar no dia 30 de dezembro, de acordo com Johnson.
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