Criminosos podem usar informações que estão no aparelho para entrar em aplicativos de banco e fazer empréstimos, pagamentos ou transferir o dinheiro da conta. Especialistas em segurança mostram como evitar prejuízos no banco em caso de roubo do celular
Quadrilhas que se especializaram em roubar telefones celulares estão fazendo um estrago também na conta bancária das vítimas. Mas existem formas de se proteger desse golpe.
É justamente quando nos isolamos do mundo que ficamos mais expostos. Num instante, o celular vai embora, desbloqueado. E a perda do aparelho pode ser só o primeiro prejuízo.
“O aparelho já é caro, mas se eles conseguirem acessar as minhas contas do banco, acabou”, enfatizou a publicitária Jádila Santana.
Os assaltantes levaram o celular da Jádila logo depois que ela tirou uma foto. A reação dela foi correr para casa e começar a bloquear tudo. Mesmo assim, deu tempo de os criminosos invadirem o aplicativo do banco.
“Eles começaram a entrar nos aplicativos e pedir uma redefinição de senha porque essa redefinição de senha chega no e-mail e, como o e-mail está logado no celular e eles têm acesso, eles conseguiram acessar as minhas contas. A minha sorte é que meu namorado é bem ligado em tecnologia, então ele me ajudou a recuperar a conta. Recuperando a conta, eu consegui redefinir as senhas novamente para poder retirar os acessos deles”, contou Jádila.
Quando a gente “destranca” o celular, na verdade, abre a porta para a nossa vida inteira. Lá dentro, o que não falta é informação pessoal.
As redes sociais dizem quem você é; no e-mail, uma conta pode ter o seu CPF; no bloco de notas, outros dados relevantes, pistas usadas para bloquear acessos, redefinir senhas e até mesmo entrar no aplicativo do banco. E, daí, fazer empréstimos, pagamentos e transferir dinheiro da conta.
E são muitas contas ativas no celular: 198 milhões, segundo a Federação dos Bancos.
No ano passado, metade das transações bancárias foi feita pelo aparelho. A Febraban diz que os aplicativos são seguros, mas é preciso proteger os próprios dados.
“Os aplicativos dos bancos são desenvolvidos com técnicas já prevendo proteções avançadas contra ataques. Essas fraudes que têm acontecido não miram atacar os aplicativos do banco ou buscar qualquer fragilidade nos aplicativos. Elas buscam muito mais informações que estão contidas dentro do celular do usuário e que são inseridas por ele mesmo. E aí o bandido acaba tendo acesso a essa informação quando tem acesso ao celular”, destacou Adriano Volpini, diretor da Comissão Executiva de Prevenção a Fraudes da Febraban.
Especialistas em segurança digital dão algumas dicas para evitar a invasão ao celular:
Nunca anote as senhas nem guarde foto de cartão de crédito;
Use senhas diferentes em cada aplicativo ou site de compras;
Coloque senha também no chip do celular porque os criminosos podem pegar o chip e colocar em outro aparelho para ter acesso aos seus dados;
Não confie 100% na biometria.
“Você erra a autenticação biométrica. Geralmente, depois da terceira vez, ele vai pedir invariavelmente a senha, então o que acontece não é que ele vai burlar a biometria, ele simplesmente vai errar três vezes a biometria, vai colocar a senha em seguida e se a senha for aquela senha frágil, ele vai conseguir desabilitar a biometria ou até adicionar a biometria dele no aparelho”, explicou Aldo Albuquerque, especialista em cibersegurança.
Por tudo isso, o roubo de um celular virou uma corrida contra o relógio, disputada por bandido e vítima. Cada minuto conta.
O Procon de São Paulo se reuniu com representantes dos bancos, das operadoras de telefonia e dos sistemas operacionais para tornar mais fácil e rápido o bloqueio do celular.
“Os bancos, as operadoras de telefonia e as plataformas têm a obrigação de informar ostensivamente ao consumidor qual meio mais rápido, imediato e eficiente para ele bloquear a conta, bloquear a linha e apagar os dados do celular”, afirmou Fernando Capez, diretor-executivo do Procon/SP.
Veja aqui outras informações sobre como proteger seus dados e o que fazer se você tiver o celular roubado.
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