O tema da redação do Enem 2024, “Desafios para a valorização da herança africana no Brasil”, reuniu muitos professores e candidatos de surpresa, mas foi amplamente elogiado por especialistas, que discutem o assunto essencial e de fácil abordagem. Professores ouvidos pelo Correio enfatizaram a importância de colocar mais de 4 milhões de estudantes brasileiros em contato com um tema que envolve a construção da identidade nacional e a rica herança cultural africana, muitas vezes esquecida e marginalizada.
Bruno Borges, professor de sociologia da Escola de Formação Continuada dos Profissionais da Educação (Eape) do GDF, comentou que o tema mobilizado discute desigualdade histórica e resgate de culturas invisibilizadas. “É uma oportunidade para refletir sobre o impacto das desigualdades na formação da identidade nacional e sobre o cancelamento histórico da contribuição africana”, explicou.
A professora Camila Santin, mestre em literatura e língua portuguesa, destacou que o tema é “uma oportunidade de abrir discussões importantes na sociedade brasileira, incentivando até mesmo quem é contra a valorização da herança africana a pensar sobre seus argumentos”. Ela também acredita que, apesar de algumas resistências, muitos alunos encontram facilidade para desenvolver o tema, abordando o desligamento cultural e os impactos do preconceito na trajetória do povo afrodescendente no Brasil.
Thiago Braga, professor e autor do Colégio pH, considera o tema “absolutamente relevante” e acredita que incentiva o reconhecimento da influência africana nos âmbitos linguístico, religioso e cultural no Brasil. Ele ressalta que a discussão sobre apropriação cultural e respeito à diversidade deve ser um dos focos do texto dos estudantes, ao lado da valorização da memória e da herança cultural africana, fundamentais para a formação da identidade brasileira.
Os especialistas concordam que, ao explorar o tema, a Banca do Enem oferece aos estudantes a oportunidade de reflexão sobre questões culturais e históricas fundamentais, contribuindo para uma educação crítica e socialmente engajada.
Fonte:Correio Braziliense
Foto:O Matogrossense
Comentar