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Em nova análise, pesquisa aponta que floresta de bambus no AC empobrece o solo com falta de nutrientes

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Isso ocorre porque onde há dominância das florestas de bambus, os restos de folhas, flores, frutos e galhos das outras árvores diminuem e são impedidas de chegar ao solo. Dados foram coletados por um ano em floresta com e sem bambus
Mariana Dantas/Arquivo pessoal
Após estudo que apontou como as florestas de bambus prejudicam a regeneração floresta, um novo levantamento de pesquisadores do Acre aponta que os tabocais também podem empobrecer o solo com a falta de nutrientes.
Isso ocorre porque onde há dominância das florestas de bambus, os restos de folhas, flores, frutos e galhos das outras árvores diminuem e são impedidas de chegar ao solo. Ou seja, os nutrientes estão demorando mais para voltar ao solo e essa dominância do bambu empobrece o processo de ciclagem dos nutrientes.
Além disso, a decomposição da folha de bambu é mais lenta, segundo o estudo.
“Nos lugares onde o bambu domina, que ele toma o lugar das árvores, a floresta produz menos restos de folhas, frutos e ao mesmo tempo o chão da floresta acumula mais porque a folha dos bambus se decompõem mais lentamente e o material fica acumulado por mais tempo”, explica o professor Henrique Mews, um dos autores do artigo.
Predominância da floresta de bambus pode empobrecer o solo com falta de nutrientes
Divulgação/Evandro Ferreira
Estudo
O estudo foi feito entre os anos de 2017 e 2018. Na primeira etapa foram coletados os dados e na segunda, houve o processamento dos dados. Com armadilhas montadas na floresta para coletar serrapilheira, que são os materiais que caem e entram em decomposição, eles tiveram a base para o estudo.
Em junho deste ano, um artigo foi publicado na revista internacional Forest Ecology and Management mostrando que as manchas de bambus, também conhecidas como tabocais, são prejudiciais à regeneração das florestas e crescem cada vez mais e tomam o lugar das árvores no Acre.
Desta vez, em mais uma conclusão do estudo, ao invés de pegar apenas as sementes, foi coletado tudo que caía do telhado da floresta, como folhas das árvores e restos de frutos, flores e galhos, matéria orgânica que vai apodrecer no solo e virar nutriente para ser absorvido pelas plantas.
Com a nova conclusão, o artigo que faz parte da dissertação de mestrado da Mariana Dantas, orientada pelo professor Henrique Mews, no Programa de Pós-graduação em Ecologia e Manejo de Recursos Naturais da Universidade Federal do Acre (UFAC), foi publicado recentemente na mesma revista.
O estudo também tem a participação da Ketlen Bona, da Universidade Estadual de Santa Cruz, na Bahia, e Thiago Vieira da Universidade Federal do Pará.
Um outro estudo, publicado pelo G1 Natureza, em julho do ano passado, utilizando como dados a pesquisa da engenheira florestal Elaine Dutra Pereira, da Universidade Federal do Acre (UFAC), apontou que no estado dentre os 18 tipos florestais identificadas, oito têm o bambu no sub-bosque como elemento dominante ou secundário.
Conforme o estudo, o bambu recobre mais de 138 mil km² de área no Acre. O que equivale a 83,9% dos 164 mil km² do estado.
Procura por respostas
O professor Mews disse que o problema não são os bambus, mas as ações que fazem com que eles se tornem dominantes, como derrubadas e queimadas.
“Em condições naturais não é um problema, porque o bambu é nativo. Só que com o desmatamento que acontece no Acre, o corte seletivo de árvores, entrada de fogo na floresta, tudo isso favorece o bambu porque ele consegue aguentar essas condições enquanto as árvores não”, afirma.
O professor diz que as árvores são preferidas para o desmatamento e quando são cortadas, são levadas. Já o bambu fica lá e o risco é ele se tornar ainda mais dominante nas florestas do estado.
“Porque ele gosta de muita luz, resiste ao fogo. Se isso acontecer, como vai ficar a ciclagem de nutrientes que é o que sustenta a floresta, no futuro? A gente não sabe, então é um grande desafio saber como vai ficar esse retorno nutricional do ecossistema nos cenários futuros. Então, o desafio é esse, a gente tentar entender como funciona. Estamos fornecendo dados para que as pessoas entendam”, conclui.

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